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Transgênicos: discussão continua

Nova descoberta de uso de transgênicos nos EUA reacende discussão sobre rotulagem de produtos geneticamente modificados. No Brasil, Greenpeace e Terra lançam site com a campanha "Transgênicos no meu prato, não!".

Por Agencia Estado
Atualização:

A descoberta de que tacos da Kraft Foods continham milho transgênico reacendeu a discussão sobre a rotulagem de produtos geneticamente modificados nos EUA, onde 60% dos alimentos industrializados contêm ingredientes feitos com milho, soja, batatas e outros vegetais transgênicos. Defensores da rotulagem dizem que ela poderia ter evitado o problema dos tacos, o que não é verdade. A Kraft comprou milho convencional, mas parte do lote era modificado, sem que o comprador soubesse. O incidente, porém, mostra como é difícil impedir que uma cultura contamine a outra. O problema já tinha surgido na Europa, onde material modificado foi detectado em culturas que deveriam ser convencionais. Manter as duas produções separadas significa duplicar armazéns, caminhões e aumentar o preço dos alimentos. Testes ainda são insuficientes Outra questão polêmica é a dos testes. O Departamento de Agricultura dos EUA está montando um laboratório e estabelecendo padrões para exames. Não há provas de que os transgênicos façam mal, mas os críticos afirmam que eles não foram devidamente testados e é preciso garantir aos consumidores o direito de evitá-los. Executivos do setor afirmam que os defensores dos rótulos querem apenas assustar os consumidores e perguntam o que deve ser rotulado. O queijo costumava ser feito com uma enzima do estômago de bezerros, mas, hoje, um gene foi introduzido numa bactéria que sintetiza a proteína e coagula o leite. Esse queijo é transgênico? E as costeletas de um porco alimentado com milho transgênico são geneticamente modificadas? Cervejas e alguns pães são feitos assim. Outra questão é o grau de contaminação. A Europa só aceita que 1% de determinada amostra seja transgênica, mas os EUA toleram até 7%. Testar alimentos industrializados é difícil, pois o aquecimento pode destruir o gene ou a proteína sintetizada por ele. Produtos refinados como óleo de milho e açúcar não contêm proteínas ou DNA e não se pode saber se têm origem transgênica. Além disso, os testes detectam apenas um tipo de modificação, mas só aumenta o número de genes introduzidos. A rotulagem, portanto, não poderá ser só com base em testes. As plantações terão de ser acompanhadas desde a semeadura. "Se você não conhece o histórico da amostra, nunca vai saber o que procurar", diz Eluned Jones, professor de agribusiness na Virginia Tech. Apesar de tudo, o maior interesse na rotulagem poderá ser das indústrias, ao vender óleos com pouco colesterol e tomates que reduzem o risco de câncer. Campanha contra transgênicos no Brasil O Greenpeace lançou ontem, em parceria com o portal Terra, o site da campanha "Transgênicos no meu prato, não!", com atividades em várias cidades brasileiras. O endereço traz uma seção em que os internautas podem participar de campanhas virtuais para pressionar empresas de alimentos a não usar transgênicos em sua linha de fabricação.

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