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Transição pauta visita da diretora do FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma alta fonte do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta sexta-feira esperar que as boas vibrações produzidas pelo anúncio da visita da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, ao Brasil continuem nos cinco dias que ela passará entre Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, na próxima semana. "Mas não há neste momento e não haverá nenhum acordo ao final da visita, pois isso depende de muitos atores", afirmou. A idéia de manter a porta aberta e preparar o caminho para um acordo com o FMI que assegure a estabilidade e tranqüilize os investidores na transição para o próximo governo, é claramente parte dos cálculos que trouxeram o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a Washington, na semana passada, e levarão, agora Anne Krueger e o secretário do Tesouro, Paul O´Neill, ao Brasil. O´Neill visitará o País nos últimos dias deste mês, em viagem que se estenderá à Argentina. "Creio que as visitas contribuirão para que as posições dos candidatos a presidente continuem a convergir no debate de temas econômicos", disse um alto funcionário brasileiro que conhece o diálogo entre o governo e o Fundo. Informações sobre um acordo de transição com o FMI, com metas de saldo fiscal primário já anunciadas pelo governo para 2003 - 3,75% do PIB e 4% ao ano, respectivamente - não têm desmentidos formais porque é do interesse do governo, do próprio FMI e de investidores manter viva a possibilidade de ele vir a ser negociado. "O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do BC já fizeram declarações nesse sentido", disse a fonte. "Quero que quem esteja escrevendo isso acerte, mas, no momento, não há acordo, Anne não virá ao Brasil para negociar tal acordo", disse o alto funcionário. A expectativa do governo brasileiro é de que sua visita e a do secretário do Tesouro reforcem a possibilidade de um acordo vir a ser negociado. É particularmente importante o que O´Neill dirá a respeito. Em 2 de julho, ele disse que se oporia a nova ajuda do FMI ao Brasil "porque o problema do País é político e não econômico". Horas mais tarde, retificou a declaração. Na semana passada, depois de receber Fraga, manifestou seu "total apoio ao Brasil". Altos funcionários americanos, incluindo a embaixadora dos EUA em Brasília, Donna Hrinak, acham que a posição inicial de O´Neill, contra um novo acordo, "não reflete a posição oficial" de Washington. O acordo do Brasil com o Fundo acaba no fim do ano. A diretoria-executiva do FMI deve discutir a quarta e última revisão trimestral entre setembro e outubro. Uma missão irá nas próximas semanas ao Brasil para preparar o relatório que servirá de base para a discussão do "board". O País ainda tem um saldo de cerca de US$ 1 bilhão não utilizado, do empréstimo de US$ 15,7 bilhões que obteve sob o acordo. Oficialmente, Anne Krueger vai ao Brasil para conferência da Sociedade de Econometria. Mas sua agenda é densa em compromissos com o governo e o setor privado. Na segunda-feira, almoçará com o presidente e diretores do BC, no Rio. Na terça-feira, terá encontros em Brasília com Malan, o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Na quarta, em São Paulo, Anne terá três compromissos: almoço com executivos de bancos, patrocinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), reunião com empresários organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a abertura do Encontro Latino-Americano da Sociedade de Econometria. Ela retornará a Washington na noite de sexta-feira. Não estão previstos encontros com os candidatos a presidente ou seus assessores econômicos, mas Anne não se furtará a ter tais conversas, se for procurada. O´Neill cumprirá um roteiro parecido, com uma diferença: ele pretende também visitar fábricas, ter contato com trabalhadores e discutir questões como segurança de trabalho, um de seus temas prediletos. O presidente do PT, deputado José Dirceu, teve o primeiro contato com o FMI na visita aos EUA, que concluiu nesta sexta. A convite do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, participaram do café da manhã que ele ofereceu a Dirceu um representante do Banco Mundial e o diretor-assistente do departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Lorenzo Pérez. Dirceu disse que, no almoço no Institute of International Economics e outros encontros, ouviu perguntas sobre a disposição de um governo do PT de fazer acordo com o Fundo. "Respondi que faremos o possível para evitar", disse, mais tarde, numa resposta que não fecha a porta para um entendimento. Um funcionário brasileiro observou que, no caso do PT, tal possibilidade não é compatível com declarações que Dirceu fez sobre a disposição do PT de reabrir os acordos fiscais que o atual governo fez com os Estados. "Se o PT mexer nisso, desorganizará as contas públicas e tornará impossível manter o saldo fiscal primário, com o qual Lula se comprometeu em sua carta ao povo brasileiro."

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