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Transporte é maior problema do comércio na América do Sul

Por Agencia Estado
Atualização:

Os problemas de infra-estrutura de transportes são obstáculos maiores ao crescimento do comércio entre países da América do Sul que as tarifas de importação, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Estudo do economista do BID, Maurício Mesquita Moreira, com as importações da região mostrou que os custos de frete são superiores aos das tarifas. "Os ganhos de investir em infra-estrutura hoje são maiores que os de investir em liberalização comercial", disse Moreira no seminário "Aprofundamento do Mercosul e o desafio das disparidades". Ele observou que nos últimos anos, os países deram prioridade aos acordos comerciais e, com exceção de Chile e Colômbia, fizeram poucos investimentos em infra-estrutura. A grande dificuldade para esses investimentos é a falta de recursos de que todos os países da região sofrem. O subgerente do Departamento de Integração e Programas Regionais do BID, Robert Devlin, lembra que os projetos de infra-estrutura listados pelos países como importantes para a integração da região no âmbito da Iniciativa pela Integração Regional da América do Sul (IIRSA) somam US$ 37 bilhões, incluindo o setor de energia. Destes, os países selecionaram 31 projetos de alta prioridade, com custo de R$ 4 bilhões, para serem implementados entre este ano e 2010. Este ano, o BID criou um Fundo de Integração com US$ 20 milhões para apoiar a elaboração de estudos técnicos para a implementação destes projetos, com recursos de US$ 1,5 milhões para a preparação de cada projeto. Devlin observou também que em documento lançado pelo BID na semana passada e que vai orientar os trabalhos do Banco em relação ao Mercosul por três anos, o apoio à infra-estrutura regional e aos projetos da IIRSA é uma das cinco áreas prioritárias em que a instituição deve trabalhar. As outras quatro são o fortalecimento do Mercosul como zona de livre comércio, com eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias; consolidar a união aduaneira; fortalecer a institucionalização do bloco e reduzir as desigualdades na região. Para viabilizar recursos para o investimento, Moreira considera que o caminho para o Brasil é reorganizar seus gastos e reduzir as despesas com juros. Nesse sentido, apóia a proposta de déficit fiscal nominal zero como forma de baixar os juros. Integração A melhor maneira para reduzir as desigualdades regionais no Mercosul é a integração, recomendaram economistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no seminário. Segundo o BID, as principais dificuldades para instituir políticas de redução das desigualdades no bloco são as restrições orçamentárias dos países envolvidos. Outro problema para essas políticas é o fato de o maior país, Brasil, não ser o mais rico quando se considera a renda per capita e as desigualdades por regiões dentro dos países. Além disso, os mais ricos pela renda per capita, Uruguai e Argentina, não chegam a ser ricos quando comparados com os países desenvolvidos. Comparando as regiões, o Nordeste brasileiro é a mais pobre, perdendo para a renda per capita do Paraguai, que é o país mais pobre dos quatro. A capital do Paraguai, Assunção, tem aliás a terceira maior renda per capita entre as regiões, ficando atrás somente da Grande Buenos Aires e da Patagônia, ambas na Argentina. As assimetrias são de vários tipos. O Brasil é o pior dos quatro países no indicador de anos de estudo da população com 15 anos ou mais, mas é o que mais recebe investimentos estrangeiros diretos. A Argentina tem maior qualidade burocrática que os demais e maior capacidade instalada em relação ao PIB. Os dados foram mostrados em exposição dos economistas do BID, Maurício Moreira e Juan Blyde, Paolo Giordano e Fernando Quevedo.

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