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Transporte fluvial de álcool é 8 vezes mais barato, diz estudo

Transporte do etanol com caminhões teria também um impacto ambiental três vezes maior

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Um estudo do professor pesquisador Newton Narciso Pereira, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), aponta um custo oito vezes menor para o transporte de álcool se ele for feito por via fluvial, em barcaças, em vez das atuais vias rodoviárias, com o uso de caminhões.   O estudo, a ser apresentado no 20.º Congresso Pan-americano de Engenharia Naval, Transporte Marítimo e Engenharia Portuária (Copinaval), avaliou o transporte do combustível pela hidrovia Tietê-Paraná por meio de comboios com barcaças e o relacionou com frotas de caminhões. "O transporte de uma carga perigosa como é o caso do álcool custa, em média R$ 3 por tonelada, por quilômetro, em caminhões e é oito vezes menor por meio fluvial", disse Pereira.   Segundo ele, o estudo foi feito pelo interesse da Transpetro, subsidiária da Petrobras, em usar a hidrovia como um dos modais de escoamento de álcool das regiões produtoras de álcool para a exportação. Cada barcaça teria a capacidade de substituir 250 caminhões-tanque no transporte do combustível, número que seria, no entanto, reduzido, em virtude do maior tempo de transporte fluvial.   Um dos gargalos para o transporte na Tietê-Paraná é justamente a demora para a passagem dos comboios nas eclusas da hidrovia. Nelas, é permitida a passagem de apenas uma linha de duas barcaças por vez e o transporte de álcool teria de ser feito por duas linhas com duas barcaças cada, ou quatro unidades, além de um barco para empurrá-las. "Só na operação de passagem pela eclusa seria necessário um dia de viagem na ida e na volta", disse o professor.   No entanto, mesmo com o tempo perdido, a operação ainda seria bem mais barata que o transporte rodoviário. O transporte do etanol com caminhões teria ainda, de acordo com o estudo, um impacto ambiental três vezes maior.   Para tornar o transporte fluvial viável, o trabalho de Pereira indica a necessidade de quatro rotas, a serem instalados terminais distribuidores: um em São Simão (GO) e os demais nas cidades paulistas de Presidente Epitácio, Araçatuba, Jaú. Essas rotas terminariam em um terminal receptor localizado em Conchas (SP), de onde o álcool seria transportado por duto de 80 quilômetros até a refinaria de Paulínia (SP), e de lá para os portos de São Sebastião (SP) ou de Angra dos Reis, na baía de Ilha Grande (RJ).   "Essas rotas estão localizadas nas regiões de maior produtividade de álcool e com fácil acesso à hidrovia", explica Pereira. "Com a vantagem de que na ida o comboio levaria álcool, e, na volta, derivados de petróleo", completa.   O único entrave para que o projeto de transporte fluvial de álcool não tenha sido implantado, na opinião de Pereira, seria a falta de barcaças exclusivas para o transporte do combustível na hidrovia Tietê-Paraná, que precisariam ser de casco duplo, resistentes a impactos ou encalhes que ameaçassem a sua estrutura. "Mas o know-how para o transporte de combustíveis em vias fluviais a Petrobras já possui, pois faz o transporte de combustíveis em rios na região amazônica sem problemas", concluiu o professor pesquisador.

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