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''Trimestre foi um bom augúrio para o ano

Entrevista - Rubens Ricupero: ex-ministro da Fazenda; Diretor da Faculdade de Economia da Faap afirma que a demanda está salvando a [br]economia brasileira

Por Leandro Mode
Atualização:

O ex-ministro Rubens Ricupero avalia que os dados do 1º trimestre mostram que o País ainda pode crescer em 2009. Como vê o resultado do PIB? Os números confirmam que os efeitos da crise no Brasil serão relativamente menores do que em outras economias. O dado mais importante foi o consumo - das famílias e do governo -, que ratificou a visão de que a demanda está salvando a economia brasileira. A impressão é de que o primeiro trimestre é um bom augúrio para o resto do ano, uma vez que nos próximos meses haverá um reforço ainda maior do consumo. Em meados do ano, começará a ser sentido o efeito do aumento do funcionalismo público, que se somará ao reajuste do salário mínimo e ao Bolsa-Família. É provável até que o PIB do ano não seja negativo, como a maior parte do mercado espera. A expansão no 1º trimestre torna mais factível a projeção de crescimento do governo, de 1%? Não sei se o PIB chegará a ser positivo, mas acho que nos aproximamos do zero com tendência para acima de zero. Minha impressão pessoal é de que vamos ter crescimento positivo. A recessão técnica poderia ter sido evitada? O importante não é que tenhamos sofrido o primeiro impacto, que afetou todos os países. Mas que ele tenha sido minorado pelas medidas de política econômica adotadas. Elas permitem que agora possamos sair rapidamente desses dois trimestres de queda. A expansão fiscal promovida pelo governo para amortecer os efeitos da crise preocupa? Não tenho preocupação com a expansão fiscal relacionada ao investimento, mas com o aumento dos gastos correntes. O PIB do 1º trimestre influencia a decisão do Copom? Não acho que altere a tendência de redução. O que se pode ver nesses números é que os cortes do juro estão começando a ter efeitos, mas não de maneira exagerada. Estamos ainda com capacidade ociosa, o que recomenda que se mantenha uma queda vigorosa dos juros. Eu preferia uma baixa de 1 ponto porcentual. A crise pode piorar lá fora? Acho pouco provável. A impressão é de que o fundo da crise já foi atingido e começamos a vislumbrar os primeiros sinais de estabilização e um começo, ainda tímido, de recuperação.

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