A geração que completa 30 anos em 2016 e que chegou à vida adulta num País praticamente sem turbulências econômicas está muito abalado pela crise atual. Uma pesquisa revela que 85% dos brasileiros “trintões” têm a sensação de que o seu poder de compra está reduzido e mais da metade (64%) já abriu mão de algum item de consumo por causa da crise.
“Trata-se de um cenário de frustração para uma geração que nunca tinha vivido uma crise e que cresceu respaldada pelos pais, numa economia estabilizada”, afirma Tiago Faria, sócio-diretor da empresa de pesquisa Pesquiseria, da agência Giacometti Comunicação.
A enquete consultou cerca de mil pessoas com trinta anos, nos meses de março e abril, das classes A, B e C e com renda média mensal acima de R$ 1,7 mil. Os brasileiros ouvidos vivemem quatro capitais do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Além da pesquisa online, foram feitas discussões sobre a situação econômica e financeira com24 grupos da população que pertence a essa faixa etária.
Ápice. Faria explica que a crença generalizada desses entrevistados era de que aos 30 anos eles estariam no ápice da vida financeira e profissional. “Mas a pesquisa mostra que eles chegaram aos 30, mas não ao ápice”, afirma o responsável pelo estudo. De acordo com a enquete, 42% dosconsultados trocaram marcas habituais por outras mais baratas e 29% têm evitado fazer dívidas porque temem perder o emprego.
O estudo classificou os entrevistados em oito grupos diferentes, de acordo com a sua experiência passada e a sua perspectiva para o futuro. O grupo mais afetado pela crisefoi o batizado de “recomeço”. Predominante formado pela população de classe C, os integrantes desse grupo anseiam por mudanças e questionam constantemente a sua trajetória. A pesquisa revela que 71% dos entrevistados desse grupo sentem que está tudo mais caro e que perderam o poder de compra por causa da crise.
Já o grupo chamado de "carreirista", formado por brasileiros das classes A e B que deram prioridade ao estudo e à profissão, mostrou-se mais blindado à crise. Neste grupo, 20% mantiveram o padrão de vida, apesar da turbulência. Foi o maior resultado nesse quesito entre os oito grupos analisados. “Pelo fato de os ‘carreiristas’ serem mais racionais e planejados, o impacto da crise foi administrado”, observa Faria.