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Trio de economistas propõe pensar o País

Ana Carla Abrão, Marcos Lisboa e Vinícius Carrasco vão lançar série de artigos para alimentar debate econômico na disputa eleitoral

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e BRASÍLIA
Atualização:
Marcos Lisboa, presidente do Insper Foto: Alex Silva/Estadão

Depois da falta do debate econômico que marcou a disputa ao Palácio do Planalto nas eleições de 2014, um trio de economistas liberais – Ana Carla Abrão, Marcos Lisboa e Vinícius Carrasco – vai lançar em março uma série de artigos sobre os grandes problemas econômicos da atual conjuntura brasileira.

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A proposta da Agenda de Política Pública Brasil é fazer o diagnóstico e traduzir os temas áridos para alimentar as discussões (antes e depois das eleições) que tratam das dificuldades com as quais o País convive e que não devem arrefecer, mesmo após eleger o novo presidente da República, governadores e parlamentares. O que se espera, desta vez, é que os candidatos não tenham como fugir do debate diante do tamanho da crise. 

O papel de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, será o de “sounding board”, a pessoa que ouve as novas ideias e faz a validação da abordagem e dos temas. O trabalho será publicado pela consultoria Oliver Wyman, sem patrocínio externo, justamente para garantir independência e imparcialidade, afirma Ana Carla Abrão, ex-secretária de Fazenda de Goiás. 

“Não podemos deixar que o debate em 2018 passe ao largo dos problemas reais, como foi em 2014. Nossa intenção é trazer os principais temas para o centro do debate público e jogar luz para questões que são fundamentais para que o País supere o atraso”, diz Ana Carla, que é sócia da Wyman no Brasil.

O grupo de economistas diz que a iniciativa é apartidária e faz questão de ressaltar que não se trata de um programa de governo com receituário pronto para os candidatos. Em março, serão abordados os seguintes temas: reforma do Estado, equilíbrio fiscal, infraestrutura, bancos públicos, mercado de crédito, educação e segurança pública. Na sequência, serão divulgados trabalhos sobre as reformas tributária e previdenciária. 

A iniciativa lembra a “agenda perdida” também elaborada por um grupo de economistas, que trazia um diagnóstico com propostas para o crescimento com maior justiça social e pautou as eleições de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio da Silva foi eleito. O presidente do Insper Marcos Lisboa, que foi um dos coordenadores do trabalho ao lado de Alexandre Scheinkman e depois secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de Lula, diz que a atual proposta é diferente.

Linguagem. Segundo ele, os trabalhos vão sistematizar o que a produção acadêmica tem a dizer sobre vários temas, além das experiências públicas já vividas, mas com linguagem mais simples que possa ser útil ao debate nacional. “A maneira de fazer a política pode ser relevante para o sucesso ou fracasso de uma política”, avalia. No governo Lula, Lisboa preparou uma agenda de medidas microeconômicas para o crescimento. “O Brasil está vivendo um debate sobre grandes orientações.” 

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Para o economista da PUC-RJ Vinícius Carrasco, não será possível desviar das grandes questões econômicas, como a necessidade de reforma do Estado. “Pelo contrário, os próximos anos serão duros e com escolhas duras”, afirma. “Em 2014, se ignorou as questões que eram relevantes e quem ganhou, ganhou perdendo.” O economista destaca que é preciso repensar o Estado com a preocupação de distribuição de renda. “Acredito na redução dos subsídios, na abertura comercial, na competição e sou fã do Bolsa Família.”

Quem são? 

MARCOS LISBOA: Presidente do Insper, foi coordenador da ‘agenda perdida’ Atual presidente da instituição de ensino superior Insper, Marcos Lisboa foi diretor executivo e vice-presidente do Itaú Unibanco e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). No primeiro mandato do ex-presidente Lula, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, entre 2003 e 2005, quando conduziu uma agenda de medidas microeconômicas. Ao lado do economista Alexandre Scheinkman, foi um dos coordenadores da chamada “agenda perdida”, documento que apontou “diagnósticos e propostas para a retomada do crescimento com maior justiça social”.

Lisboa foi professor assistente de Economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas entre 1998 e 2002 e, anteriormente, de 1996 a 1998, foi professor assistente de Economia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford. É Ph.D. em Economia pela Universidade da Pensilvânia.

Ana Carla Abrão, sócia da Oliver Wyman Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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ANA CARLA ABRÃO: Com plano de ajuste fiscal, foi apelidada de ‘mãos de tesoura’ Ana Carla Abrão tem doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Filha de políticos do Estado de Goiás, formou-se em Economia pela Universidade de Brasília. É sócia da filial brasileira da Oliver Wyman, empresa de consultoria americana. Também é presidente do Conselho de Gestão Fiscal de São Paulo.

Antes, foi secretária de Fazenda de Goiás (2015 e 2016), no governo de Marconi Perillo, do PSDB, e ficou conhecida como “mãos de tesoura” em razão do duro ajuste fiscal que promoveu no Estado. Atuou ainda como diretora da área de riscos do Itaú Unibanco, economista-chefe da Tendências Consultoria Integrada e analista do Banco Central. Sua tese de doutorado, que incluía ensaios sobre spread bancário, lei de falências e mercado de crédito, recebeu o Prêmio Haralambos Simeonidis, considerado o mais importante prêmio acadêmico do Brasil.

Vinicius Carrasco, professor da PUC-RJ Foto: Fábio Motta/Estadão

VINICIUS CARRASCO: No BNDES, ajudou a desenhar o modelo da TLP Doutor em Economia pela Universidade de Stanford, Vinícius Carrasco possui graduação em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestrado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, onde atualmente dá aulas. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Teoria Microeconômica, atuando principalmente em temas como desenho de mecanismo e leilões, economia bancária e organização industrial.

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Foi diretor de Planejamento e Pesquisa do BNDES no governo Temer. Ajudou a desenhar o modelo da nova taxa de juros de financiamento do banco, a TLP, que substituiu a TJLP. Pediu demissão por divergências com o atual presidente do banco, Paulo Rabello de Castro, após ele criticar a TLP, que passou a ser usada em empréstimos do BNDES neste ano, com objetivo de reduzir o crédito subsidiado a empresas.

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