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Triunfo vende duas hidrelétricas a chineses por cerca de R$ 2 bi

Negócio envolve as usinas de Salto, em Goiás, e Garibaldi, em Santa Catarina; anúncio fez as ações da Triunfo subirem 19%

Por Renée Pereira
Atualização:

A Triunfo Participações e Investimentos (TPI) anunciou nesta terça-feira, 25, a venda de duas hidrelétricas para a China Three Gorges Energia Brasil - subsidiária da empresa chinesa dona de Três Gargantas, a maior hidrelétrica do mundo. O negócio envolve as usinas Salto (GO), com capacidade de 116 megawatts (MW), e de Garibaldi (SC), de 192 MW, além da unidade de negócios responsável pela comercialização de energia. A operação poderá alcançar quase R$ 2 bilhões, valor que será usado para melhorar a estrutura de capital da TPI, afirma o presidente da companhia, Carlo Bottarelli. O anúncio da venda das unidades foi muito bem recebida pelo mercado. As ações da TPI - controladora de várias concessionárias de rodovias e acionista do grupo que administra o Aeroporto de Viracopos - fecharam em alta de 18,7%, depois de subir 30% no início da manhã. Segundo Bottarelli, o negócio começou a ser desenhado em julho do ano passado, quando a empresa contratou o banco BTG para iniciar o processo de venda dos ativos. Na primeira fase, 14 companhias mostraram interesse, sendo que nove apresentaram propostas. Dessas, quatro foram para a negociação final. A escolha da China Three Gorges ocorreu no dia 31 de julho, quando foram iniciadas as negociações dos detalhes da venda, afirma Bottarelli. "Foram 20 dias de negociação até chegar ao valor de R$ 970 milhões pelos ativos mais a dívida de R$ 770 milhões." Além disso, afirma ele, o valor deverá ser acrescido de R$ 148 milhões referente a algumas contingências condicionadas a metas, mais alguns ajustes de balanço. Com a venda, o grupo praticamente sai da área de energia, mantendo apenas a participação na Hidrelétrica Três Irmãos ao lado de Furnas. "Já vendemos seis empreendimentos de energia elétrica. Nosso foco é escolher um bom projeto, agregar valor e vender", afirma Bottarelli. Segundo ele, os cerca de R$ 2 bilhões da venda das duas hidrelétricas serão usados para desalavancar a empresa. "Nos últimos anos, nosso crescimento se deu por meio de dívidas na holding, que não é uma forma sadia de endividamento, pois não há eficiência tributária. Fomos muito punidos pelo mercado por causa dessa estrutura de capital. Mas agora acredito que estaremos numa posição privilegiada", diz o executivo. Segundo ele, com as oportunidades surgindo, o endividamento da holding foi a forma encontrada para tornar a estratégia de forte crescimento da empresa uma realidade. Agora, completa Bottarelli, a companhia entra numa fase de crescimento orgânico. Nos cálculos dele, com a venda dos ativos, a dívida/Ebitda deve cair de cerca de 5 vezes para 3 vezes. Na avaliação do analista do BB Investimentos Renato Hallgren, a venda dos ativos já era esperada, mas a demora para a conclusão da operação preocupava o mercado devido ao aumento nos investimentos em outras áreas da infraestrutura e à alavancagem pressionada da companhia. "O que surpreendeu positivamente foi o preço: R$ 970 milhões mais a parte das dívidas representa um múltiplo bem interessante para o setor", analisa Hallgren. Para ele, além da redução da alavancagem, um uso adequado dos recursos a serem obtidos seria a sustentação do atual programa de investimentos da empresa. Com a aquisição, a companhia chinesa elevará a participação no mercado brasileiro de 687 MW para 1.000 MW. A empresa está no País desde 2013 com parcerias em três usinas hidrelétricas e 11 parques eólicos.  

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