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Trump reage e amplia retaliações contra China em mais US$ 100 bilhões

Presidente americano ameaça elevar as tarifas contra produtos chineses em resposta à decisão de Pequim de colocar barreiras a importações agrícolas e de aviões dos EUA

Por Claudia Trevisan e correspondente
Atualização:

WASHINGTON - O presidente Donald Trump dobrou a aposta em seu confronto com a China e ordenou que sua administração avalie a imposição de tarifas sobre US$ 100 bilhões de produtos importados do país asiático, que se somariam aos US$ 50 bilhões anunciados no início da semana como resultado de investigação sobre o roubo de propriedade intelectual. A medida é uma resposta à decisão de Pequim de retaliar os EUA pela decisão de impor barreiras no mesmo montante sobre produtos americanos.

"Em vez de remediar sua má conduta, a China optou por prejudicar nossos agricultores e fabricantes", disse Trump Foto: AP Photo/Evan Vucci

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A escalada aumenta o risco de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já provocou uma série de tombos no mercado acionário global nos últimos dois meses. “Em vez de remediar sua má conduta, a China escolheu prejudicar nossos fazendeiros e industriais. Diante da retaliação injusta da China, eu instruí o USTR (Representante Comercial dos EUA) a avaliar se US$ 100 bilhões de tarifas adicionais seriam apropriados”, disse o presidente em nota distribuída pela Casa Branca.

Investidores temem que retaliações mútuas levem a uma espiral que afete de maneira grave os fluxos de comércio global. O presidente do Council on Foreign Relations, Richard Haass, disse no Twitter, que a decisão deverá derrubar os mercados mais uma vez. “Uma guerra comercial parece mais provável”, observou. Além disso, ele ressaltou que a decisão demonstra que Trump é um presidente que gosta de “confrontação e turbulência, traços que deixam nervosos mercados que preferem compromisso e estabilidade”.

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Desde o início do ano, Trump passou a cumprir sua promessa de campanha de punir a China pelo que considera práticas desleais de comércio, roubo de propriedade intelectual e restrições à atuação de empresas americanas no país.

A primeira medida, em janeiro, foi a imposição de tarifas sobre painéis solares e máquinas de lavar roupa. Semanas mais tarde, os EUA adotaram barreiras sobre a importação de aço de alumínio de todo o mundo. Países aliados como Canadá, México e Brasil foram isentos temporariamente. Apesar de ser o principal alvo de Trump, a China não sofrerá com a decisão, já que suas exportações dos produtos aos EUA já enfrentam uma série de barreiras e não são significativas.

A decisão mais recente foi a adoção de tarifas de 25% sobre produtos no valor de US$ 50 bilhões, em razão da apropriação indevida de propriedade intelectual. A China reagiu com os mesmos valores e focou a retaliação em importações agrícolas e de aviões. O país é o segundo maior mercado para a Boeing depois dos EUA. Ao mirar na agricultura, a China tenta atingir a base eleitoral de Trump, concentrada nas regiões rurais dos EUA.

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No anúncio de ontem, o presidente indiciou que o endurecimento pode ser uma tática de negociação com os chineses. “Apesar dessas ações, os EUA estão preparados para ter discussões que apoiem nosso compromisso para atingir um comércio livre, justo e recíproco e para proteger a propriedade tecnológica e intelectual de companhias e do povo americano.”

No governo brasileiro, a notícia de uma nova rodada de retaliações comerciais foi recebida com preocupação. Uma fonte diplomática comentou que isso não vai acabar bem. A expectativa era que, tendo EUA e China anunciado medidas de restrição ao comércio mais ou menos equivalentes nos últimos dias, eles partiriam para a negociação. /COLABOROU LU AIKO OTTA

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