A comemoração no Twitter pelo presidente Jair Bolsonaro do recuo da equipe econômica em relação à decisão tomada sobre a questão da importação de leite em pó é emblemática. A mensagem do presidente revela as dificuldades que o ministro Paulo Guedes terá para manter as principais diretrizes da sua política econômica.
Pressionado pelos produtores de leite nas redes sociais, o presidente conversou anteontem com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e mandou a equipe econômica voltar atrás e anunciar ontem à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) uma solução: o aumento do Imposto de Importação para compensar o fim da sobretaxa ao leite em pó, editada na semana passada.
Em mensagem no Twitter, Bolsonaro não só avisou que estava mantido o nível de competitividade do produto com outros países como deu crédito à ministra Tereza Cristina, que tem feito alertas para o risco de mudanças abruptas na política agrícola afetarem o setor de agronegócios, que responde por uma parcela grande PIB.
A queda de braço com a ministra da Agricultura revela que o ministro terá dificuldade para implementar a política de aumento da competitividade, abertura comercial e reversão da proteção dada a setores econômicos por meio de incentivos do governo.
O presidente reclamou com Guedes de não ter sido consultado e o ministro foi na segunda-feira à noite ao Ministério da Agricultura conversar com Cristina para, juntos, encontrarem uma solução para o impasse.
Embora o gesto de Guedes tenha sido bem recebido, prevaleceu a posição do setor agronegócio.
*JORNALISTA DO BROADCAST