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Tupi deve ter mais óleo do que o previsto

Em entrevista ao 'Estado', presidente da Petrobrás diz que estimativas de que o poço tem de 5 bilhões a 8 bilhões de barris são 'conservadoras'

Por Nicola Pamplona , Irany Tereza e Kelly Lima
Atualização:

A Petrobrás comunicou ontem nova descoberta de petróleo em Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, que confirma a extensão da jazida para o sul, reforçando a projeção inicial de 5 a 8 bilhões de barris de reservas. Em entrevista ao "Estado", porém, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse que a estimativa é "conservadora" e, com o conhecimento da área, o volume de óleo pode aumentar.A nova descoberta anunciada ontem foi feita no extremo sul da concessão BM-S-11, onde estão as descobertas de Tupi e Iara. Segundo a estatal, os dados obtidos contribuem para reduzir as incertezas sobre o reservatório. "O resultado da perfuração desse novo poço, foi extremamente relevante", diz nota oficial da empresa. O poço atravessou um reservatório de óleo com espessura de 128 metros.A estatal planeja perfurar dois novos poços em Tupi ainda este ano, antes do fim do prazo contratual para exploração da área, que vence em 31 de dezembro. Nesta data, a empresa terá de confirmar, com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), se ficará ou não com a concessão, em um processo chamado de declaração de comercialidade.Estimativa. Gabrielli diz que a estatal ficará com toda a área de concessão, mas ainda não apropriará, em seu balanço, todas as reservas estimadas de Tupi e Iara - 8 a 12 bilhões de barris de óleo de boa qualidade, com maior valor no mercado. Segundo ele, o conceito técnico de reservas prevê a apropriação de volumes referentes apenas aos poços existentes na concessão, além de ser calculado com base em outros critérios econômicos, como o preço do petróleo e a existência de mercado para o gás. A Petrobrás tem hoje reservas provadas de 14 bilhões de barris de petróleo e gás.O executivo lembrou, porém, que o volume de reservas provadas de um campo pode variar no tempo, de acordo com o volume de informações que a empresa tem sobre o reservatório. Nesse sentido, afirmou, a projeção de 5 a 8 bilhões de barris é "conservadora", ao tomar por base um fator de recuperação de petróleo entre 20% e 25% - o que significa que a Petrobrás acha possível extrair até 1/4 de todo o petróleo existente na jazida.Isso quer dizer que o reservatório de Tupi tem até 32 bilhões de barris de petróleo, dos quais no máximo 8 bilhões são recuperáveis, segundo a estimativa atual. "Nós estamos com 25% de fator de recuperação neste momento e esse é um índice conservador. Certamente poderemos crescer o índice, porque o petróleo está lá", afirmou Gabrielli.Ele lembrou que há muitos exemplos em que o fator de recuperação foi ampliado na medida em que a empresa avançava no conhecimento da jazida. "Na Bacia de Campos, por exemplo, Marlim começou com 20% a 25% e hoje tem 54%", contou Gabrielli, citando o segundo maior campo brasileiro de petróleo.A estatal inicia na próxima semana o projeto-piloto de produção em Tupi, com capacidade para extrair 100 mil barris por dia, que representará um passo importante no sentido de ampliar o conhecimento sobre a área. Com a extração de grandes volumes e injeção de gás e água nos reservatórios, a estatal quer saber como se comporta o reservatório, se suporta as variações de pressão naturais no processo de produção de petróleo.A inauguração da plataforma-piloto, batizada de Cidade de Angra dos Reis, está marcada para a próxima quinta-feira, em cerimônia com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o início do ano que vem, porém, a Petrobrás terá de reinjetar nos poços o gás natural produzido pela plataforma, uma vez que a empresa ainda não conseguiu concluir a construção do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté, projetado para levar o combustível produzido na Bacia de Santos à malha nacional de gasodutos.

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