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Tupi vai trazer redução no déficit da balança do petróleo

Por Paula Puliti
Atualização:

O megacampo de Tupi, na Bacia de Santos, está muito longe de começar a produzir. Mas uma coisa é certa: a balança comercial do petróleo passará, na próxima década, por uma verdadeira revolução. Poucos apostam que o Brasil será um exportador de óleo leve, até porque o País vai crescer e consumir cada vez mais essa fonte de energia. A mudança em curso, segundo analistas ouvidos pela Agência Estado, é a drástica queda esperada para as importações. Além da esperada produção de óleo leve no campo de Tupi, dois outros fatores devem ser consideradas quando se analisa o futuro das balanças de petróleo e de petroquímicos. Em primeiro lugar, os fortes investimentos que a Petrobras vem fazendo para adaptar suas operações ao refino do petróleo pesado, de qualidade inferior, que o Brasil produz e exporta com deságio. Em segundo, os expressivos investimentos na construção de pólos petroquímicos para a produção de nafta, resinas e outras matérias-primas. O destaque, nessa área, é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que deve entrar em operação em 2012 ou 2013. Em outras palavras, com o campo de Tupi e os bilionários investimentos da Petrobras para refino do petróleo pesado e de petroquímicos, a projeção é de queda substancial nas importações de petróleo, nafta e diesel, por exemplo, diz o analista Nelson Rodrigues Matos, do Banco do Brasil Investimentos. Neste ano até setembro, por conta da alta importação do óleo leve, que o País ainda não produz, o déficit comercial da balança do petróleo estava em US$ 2,24 bilhões. Em 2006, fechou negativa em US$ 2,19 bilhões. Cedo "Ainda é muito cedo para se falar sobre a produção de óleo leve no campo de Tupi, mas é certo que as importações brasileiras diminuirão e, com elas, o déficit comercial", afirma Chau Kuo Hue, analista de petróleo da LC Associados, que projeta o preço do barril em 2008 em US$ 70,5, com a média do ano em US$ 79,8. "Essa questão do petróleo reduz a vulnerabilidade externa e é mais um ponto favorável ao Brasil na corrida ao grau de investimento", diz a economista Thais Zara, da Rosenberg & Associados. Ela acredita em preço do barril de petróleo no ano que vem entre US$ 85 e US$ 100. Outro ponto que não pode ser descartado, segundo os analistas, é que o Brasil já é exportador de petróleo (364 mil barris por dia) do tipo pesado. E como a Petrobras é uma empresa aberta, preocupada com os interesses dos acionistas, levará em conta os preços internacionais do petróleo leve produzido em Tupi para decidir se voltará a produção para o mercado interno ou se exportará o óleo leve. "Essa é uma possibilidade importante e só poderemos ter uma idéia mais clara no futuro", afirma Chau. Um fator estrutural pode mudar as necessidades internas e externas de óleo: os biocombustíveis. "Os países deverão importar mais álcool, sem que isso signifique uma contradição para o Brasil", afirmou o economista. Em sua opinião, as duas fontes de energia são complementares e o Brasil só tem a ganhar promovendo internacionalmente as duas fontes.

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