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Turbulência no mercado deve continuar

Por Agencia Estado
Atualização:

A volatilidade deve continuar dominando os negócios no mercado nos próximos dias. Na semana passada, o rebaixamento da dívida brasileira pelas agências de classificação de risco Moody´s (esta apenas da perspectiva do rating) e da Fitch provocou a disparada do dólar e do risco País, movimento acentuado depois das declarações do secretário do Tesouro americano, Paul O´Neill, de que os Estados Unidos se oporiam a uma nova ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil. Alguns analistas acreditam que o Banco Central (BC) poderá limitar as posições compradas em dólares dos bancos e aumentar o compulsório dos depósitos à vista (contas correntes), nos próximos dias, para reduzir o poder de fogo das instituições em apostar na alta da moeda americana. A questão é saber se as medidas serão suficientes para controlar um movimento que, na avaliação de economistas como o ex-presidente do BC Gustavo Loyola, sócio da Tendências Consultoria Integrada, é provocado pela combinação da aversão global ao risco e das incertezas no cenário político. Ele diz ainda que, para complicar, o mercado adquiriu o que ele chama de dinâmica própria, em que a alta do dólar num dia acaba levando a moeda a subir no dia seguinte. Para Loyola, as medidas que o governo adotou recentemente, como o aumento do superávit primário de 3,5% para 3,75% do PIB, a redução do piso das reservas líquidas de US$ 20 bilhões para US$ 15 bilhões e o anúncio do saque de US$ 10 bilhões do FMI, são positivas. Ele entende que é possível que o BC limite as posições compradas em dólares dos bancos e aumente o compulsório dos depósitos à vista, mas ressalta que os instrumentos da instituição são limitados. Loyola diz que o BC pode dar mais liquidez ao mercado de câmbio, mas deve proteger as reservas. Para ele, seria contra-indicado vender pesadamente dólares no mercado. Loyola acredita que a pressão sobre os ativos brasileiros deve ser revertida, ainda que as incertezas tendam a continuar no curto prazo. "Um mínimo de racionalidade deve prevalecer no mercado, a não ser que o novo governo chute o balde." Na quinta-feira, será divulgada a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que manteve os juros em 18,5% ao ano e adotou o viés de baixa, instrumento que permite ao BC reduzir a Selic antes do próximo encontro do Copom. No entanto, num cenário de tanta turbulência, o uso do viés é descartado pelos analistas. Na sexta-feira, a taxa do contrato de DI de outubro bateu no limite de alta permitido pela BM&F, mas recuou. A taxa dos contratos de janeiro os mais negociados, fechou sexta-feira em 26,49% ao ano, depois de começar a semana em 21,65%.

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