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UE anuncia política comercial bilateral após derrota em Doha

O foco estará nos acordos bilaterais para abrir mercados, principalmente com a Ásia, ainda que o entendimento com o Mercosul não esteja sendo esquecido

Por Agencia Estado
Atualização:

Temendo as conseqüências negativas de uma paralisia por alguns anos nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Européia (UE) anuncia na quarta-feira, dia 4, sua nova política comercial até 2010. O foco estará nos acordos bilaterais para abrir mercados, principalmente com a Ásia, ainda que o entendimento com o Mercosul não esteja sendo esquecido. Ao mesmo tempo em que Bruxelas anuncia seu novo projeto, o governo alemão prepara discretamente as bases para que a Europa e os Estados Unidos iniciem a negociação da criação de uma área de livre comércio entre os dois pilares da economia mundial. A estratégia será anunciada pelo comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson, ciente das limitações na OMC para que um acordo seja fechado em 2007. O objetivo, portanto, seria instaurar uma ofensiva diplomática para conseguir que países reduzam suas barreiras aos produtos europeus, principalmente os mercados emergentes. Mandelson admitirá que terá de fazer certas concessões na área agrícola, mas espera que os ganhos no setor de serviços, industriais e de investimentos possam compensar os eventuais prejuízos. Na lista de prioridades da UE, o acordo com o Mercosul, que está sendo negociado há dez anos, não será esquecido. Em novembro, os dois blocos se reúnem, mas os europeus evitam dar qualquer sinal de que trarão uma nova oferta de abertura de seu mercado. Diplomatas brasileiros ainda admitem que os problemas enfrentados na OMC entre os países e que geraram o impasse desde julho são os mesmos na agenda entre o Mercosul e a UE, o que torna difícil esperar por um resultado imediato. Não por acaso, Bruxelas espera ver a abertura de novos canais de negociação, em especial com a Índia, China, Cingapura e Tailândia, além de Rússia. Para o setor privado europeu, Bruxelas precisa acelerar essas iniciativas para não perder terreno para os Estados Unidos e fechar acordos ainda com Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio. O porta-voz da UE para comércio, Peter Power, garante que esses acordos bilaterais não significam que a Europa estaria colocando a OMC em um segundo plano, ainda que na missão do Brasil em Bruxelas o sentimento seja de que os europeus não perderão tempo se de fato a organização máxima do comércio não conseguir destravar seu processo. Os governos europeus não devem se opor ao projeto. Mas para conseguir o apoio dos 25 países do bloco, Mandelson teve de desistir de um plano mais ambicioso que previa não apenas uma iniciativa para abrir mercados, mas também medidas para derrubar várias barreiras para as importações na Europa. O próprio Mandelson reconhecia que essa seria uma forma de trazer competitividade para a UE. Enquanto isso, em Berlim, os alemães começam a desenhar um plano para que os acordos bilaterais não sejam limitados a países emergentes. A chanceler Angela Merkel afirmou à revista Der Spiegel que em breve anunciará seu projeto da criação de uma área de livre comércio entre a Europa e os Estados Unidos. Por enquanto, o tema não está sendo debatido para evita um fracasso total da OMC. Mas, nos bastidores, os alemães já estariam trabalhando para que o acordo comece a ser negociado em 2007.

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