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UE culpa EUA por fracasso de reunião sobre a Rodada de Doha

A falta de acordo entre os países que formam o G-6 sobre as tarifas a serem aplicadas para a eliminação de subsídios domésticos à agricultura e redução das tarifas sobre os produtos agrícolas e industriais levou à suspensão da Rodada de Doha

Por Agencia Estado
Atualização:

A União Européia (UE) culpou hoje os Estados Unidos pelo fracasso do G-6 - grupo que inclui , além dos Estados Unido, Brasil, Índia, Estados Unidos, União Européia, Japão e Austrália - em encontrar uma forma de destravar a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), e afirmou que Washington foi "incapaz" de mostrar flexibilidade nas negociações. "Foi um fracasso que, claro, não era desejado, mas que poderia ter sido evitado", afirmou o comissário europeu do Comércio, o britânico Peter Mandelson, ao dar sua versão para os motivos do fracasso da negociação, realizada em Genebra. A falta de acordo entre os países que formam o G-6 sobre as tarifas a serem aplicadas para a eliminação de subsídios domésticos à agricultura e redução das tarifas sobre os produtos agrícolas e industriais levou à suspensão da Rodada de Doha. "Os Estados Unidos não aceitaram nem reconheceram a flexibilidade mostrada por outros, e, conseqüentemente, foram incapazes de serem flexíveis na redução dos subsídios internos" à agricultura, afirmou Mandelson. Indianos também culpam os Estados Unidos O ministro de Comércio e Indústria indiano, Kamal Nath, também acusou os Estados Unidos pelo fracasso das negociações. "Não gostaria de entrar em um jogo de acusações, mas está claro que, com exceção de um único país, a União Européia e todos os outros se movimentaram e lançaram uma proposta", disse Nath em entrevista coletiva em Genebra. Para o ministro indiano, a suspensão das reuniões representa uma "grande perda" tanto para Índia como para os outros membros da OMC, "após todo o esforço investido". No entanto, Nath indicou a "desigualdade" no fato de "os países em desenvolvimento terem que pagar para corrigir as distorções do mercado" causadas pelos mais ricos, e pedir a estes mais acesso a seus mercados em troca da eliminação dos subsídios "é algo que vai contra a declaração de Hong Kong e os objetivos da rodada". Segundo Nath, "esta é uma rodada de desenvolvimento e finalizá-la é extremamente importante, mas também é seu conteúdo, que tem que oferecer novas oportunidades aos países em desenvolvimento, e não uma perpetuação dos erros do sistema de mercado global". Por isso, na sua opinião, a rodada não está "morta, mas a meio caminho entre a unidade de cuidados intensivos e o crematório", e agora é o momento de "refletir e fazer um exercício de introspecção" sobre os motivos desse fracasso. A finalização com sucesso da negociação foi também o objetivo expressado pelo ministro de Comércio do Japão, Shoichi Nakagawa, que mostrou a disposição do Governo de Tóquio para "superar as dificuldades e não cair em uma onda de pessimismo". Rodada de Doha A Rodada de Doha, que deveria ser encerrada ainda este ano, foi lançada em 2001 para aprofundar a liberalização da agricultura, da indústria e dos serviços, visando, pelo menos em princípio, a beneficiar sobretudo os países menos desenvolvidos. As profundas divergências nas negociações sobre agricultura, principalmente em relação à redução de subsídios internos e ampliação do acesso aos mercados agrícolas, levaram à suspensão das negociações após múltiplos adiamentos e fracassos. "Perdemos a última saída da estrada", comparou Mandelson sobre o fracasso das negociações do domingo. "O que nos faltou para conseguir um acordo sobre as modalidades não eram muitos números, nem números enormes". Mandelson acrescentou que a sessão de negociação do domingo entre algumas das principais potências comerciais "ia muito bem até que aconteceu o pior. Os chefes de Estado e de Governo do G8 tinham nos pedido para sermos flexíveis, e todo o mundo o fez, exceto os EUA". Os líderes dos países do G-8 (EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e Rússia) determinaram que os responsáveis de Comércio perante a OMC deveriam ser mais flexíveis em uma negociação que, segundo seus defensores, visava a beneficiar milhões de pobres no mundo todo. "Ao decidirem retirar qualquer indicação de futura flexibilidade, os EUA julgaram que o melhor para o processo de negociação neste momento era não continuar com ele", afirmou o principal negociador da UE. A comissária de Agricultura do bloco europeu, Mariann Fischer-Boel, disse: "A UE veio aqui preparada para fazer um esforço adicional, mas infelizmente com os Estados Unidos não ocorreu o mesmo".

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