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UE e EUA tentam evitar guerra comercial

Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe da Comissão do Comércio da União Européia, Pascal Lamy, e o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, devem entrar em choque nesta quinta-feira, em Washington, sobre a ameaça da UE de aplicar sanções de até US$ 4 bilhões sobre as importações dos EUA e os planos do governo norte-americano de aprovar tarifas pesadas para as importações de aço. Lamy deve exigir que os EUA se comprometam a mudar suas práticas ilegais de subsídios para exportações. Lamy insistirá também que os EUA desistam de adotar medidas protecionistas ao setor de aço. "Os EUA têm de fazer um acordo claro e sem ambigüidades sobre o que vão fazer", disse Richard Weiner, encarregado do departamento de comércio internacional da firma de advocacia Hogan & Harston LLP, em Bruxelas. Em 14 de janeiro, a Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu que o sistema de subsídios para exportações dos EUA viola as regras do comércio internacional. A OMC autorizou os europeus a retaliarem as exportações norte-americanas em até US$ 4 bilhões. A vitória européia foi a maior em toda a história das disputas da OMC. Na primeira reunião entre a UE e os EUA desde a decisão do organismo internacional, amanhã, Lamy quer evitar uma declaração total de guerra comercial. Enquanto isso, Zoellick alertou que bilhões de dólares em sanções da UE seriam equivalentes à detonação de uma "bomba nuclear" nas relações de comércio entre os EUA e a UE. "Está bem claro que os europeus não estão ansiosos para apressar uma retaliação, mas eles também não querem renunciar a seus direitos", disse David Woods, um consultor de comércio com base em Geneva. A vitória na OMC abre espaço para a EU extrair concessões dos EUA em outras disputas, especificamente a do aço. Os EUA estão ameaçando aumentar as tarifas de aço em fevereiro para proteger seu setor siderúrgico. Embora os dois lados neguem a possibilidade de um solução negociada, observadores do mercado prevê em uma saída conjunta. "É um cenário político", comentou Woods. "Se os EUA impuserem restrições à UE sobre importações, os europeus podem não estar dispostos a adiar o assunto dos incentivos fiscais", acrescentou. Mas antes que os dois lados cheguem a um entendimento, a administração de Bush precisa negociar um acordo com o Congresso. Muitas empresas norte-americanas, incluindo a Boeing Co., Microsoft Corp., Caterpillar Inc., Northrop Grumman Corp. e a Lockheed Martin Corp., todas beneficiadas pelos incentivos fiscais, estão fazendo lobby no Congresso dos EUA para mantê-los. Um fracasso no tema dos subsídios a exportações e do aço pode diminuir a confiança na capacidade dos dois maiores blocos comerciais do mundo de liderarem uma nova rodada de comércio global. Entre os outros assuntos na agenda estão a restrição da UE sobre importações de carne tratada com hormônios e sobre produtos agrícolas geneticamente modificados.

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