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UE e Rússia reforçam economia comum de mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente russo Vladimir Puttin comprometeu-se durante a X Cúpula com a União Européia (UE), ocorrida nesta segunda-feira em Bruxelas, a "relançar as negociações para dar acesso ao mercado de seguros de seu país", fazendo valer um acordo assinado com os europeus em 1994 e que, na prática, nunca existiu. A decisão foi tomada depois de Bruxelas, na semana passada, ter reconhecido a Rússia como uma economia de mercado, abrindo caminho para Moscou exportar mais para a Europa, além de consolidar o interesse russo de ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os exportadores russos parecem estar prontos para os benefícios, depois dos esforços lançados para reforçar as relações bilaterais entre ambos, segundo afirmaram à Agência Estado membros da delegação russa. Eles acreditam que o comércio com a Europa "vai aumentar significativamente no próximo ano, exemplificando com produtos como aço, fertilizantes e alumínio, que a Rússia deixa de exportar hoje ao mercado europeu cerca de US$ 250 milhões por ano, devido as altas taxas de importação e barreiras não tarifárias". Lobby Os diplomatas russos reconhecem o forte lobby feito por seu governo para conseguir o apoio da UE ao convite feito a Moscou para ingressar na OMC e também a designação de "economia de mercado", considerada o passo principal para este objetivo. Os diplomatas afirmam que "Moscou pretende rever suas normas internas de comércio para se tornar um membro do sistema global até o fim de 2003". Mas, não é só o setor de seguros que está por trás do interesse europeu. Além de outros acertos de interesse regional, a UE e Rússia reforçaram um comércio baseado na compra de gás e petróleo, representando mais da metade das exportações russas à UE. Em valores absolutos, o comércio da UE com a Rússia é quase igual com o Mercosul. Os europeus exportaram, em 2001, US$ 27,96 bilhões para os russos, enquanto que para o bloco sul-americano foram exportados US$ 24,33 bilhões. Nas importações, os números ganham outra proporção. Os russos exportaram à Europa, em 2001, US$ 47,66 bilhões, enquanto o Mercosul exportou US$ 24,58 bilhões no mesmo período, principalmente de produtos agrícolas. Petróleo Durante a Cúpula de hoje, a UE reiterou a Rússia e a Arábia Saudita como dois mercados produtores de petróleo onde os europeus poderiam buscar alternativa à oferta iraquiana, caso uma ação militar contra o Iraque interrompa o abastecimento à Europa. Essa proposta já havia sido anunciada, no mês passado, de maneira informal, pela vice-presidente da Comissão Européia e comissária de Transporte e Energia, Loyola De Palacio. Somente a Rússia e a Arábia Saudita, que não estariam produzindo à plena capacidade, de acordo com De Palacio, teriam condições de suplantar a possível falta no mercado internacional dos 2 milhões de barris produzidos por dia pelo Iraque. De Palacio reforçou a idéia hoje, mas disse que não significa adesão da UE à "possível guerra", nem um engajamento oficial da Rússia em produzir mais em caso de guerra "porque todos os esforços serão feitos na direção da paz". Atualmente, 70% dos consumo de petróleo da Europa e 40% do consumo de gás são importados, basicamente do Oriente Médio e da Rússia. As previsões reforçam que até 2020, a dependência enérgica será ainda maior, segundo a comissão européia, aumentando as cifras para cerca de 80%. Brasil A relação comercial Brasil-Rússia não passa pelo petróleo, nem pelo gás, mas parte do superávit brasileiro pode ser atribuído também ao aumento de participação no mercado russo. Entre os novos mercados conquistados pelo Brasil, nos dez primeiros meses do ano, está a Rússia, tendo aumentado suas exportações 11,8%, em relação ao mesmo período do ano passado. O maior aumento das vendas brasileiras foi para os países asiáticos: Índia (124,8%); Cingapura (122,1%); China (28 4%). O interesse brasileiro pela a Rússia não é de hoje. Os produtores e exportadores de carne suína já descobriram o mercado há tempos. A balança comercial do setor apresentou no ano passado, segundo os últimos números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abiceps), uma alta de 150%. E quem está por trás deste aumento são os russos, comprando a carne suína brasileira desde o segundo semestre de 2000.

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