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UE libera 106 fazendas do Brasil para exportar carne

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Por Redação
Atualização:

A Comissão Européia autorizou a importação de carne bovina maturada e desossada de 106 propriedades brasileiras na quarta-feira. "As autoridades brasileiras disponibilizaram uma lista com 106 propriedades, juntamente com os respectivos relatórios de auditoria. A carne derivada dos bovinos destas propriedades terá importação autorizada", afirmou a Comissão, braço executivo do bloco, em um comunicado. A suspensão às outras propriedades, estimadas em 10 mil, permanecerá por ao menos outras três semanas, segundo uma autoridade da Comissão, mas possivelmente por mais tempo que isso. De acordo com o embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, as 106 fazendas fazem parte do relatório de auditoria enviado pelo governo brasileiro sobre os produtores aptos a exportar para a União Européia. "No papel, está tudo certo. Agora tem uma inspeção que está aí, que vai visitar algumas dessas 106 fazendas para verificar se está tudo conforme as auditorias", disse Pacheco em entrevista coletiva em Brasília, de acordo com a Agência Brasil. João Pacheco informou ainda que a liberação de mais fazendas depende das auditorias que serão realizadas pelo governo brasileiro. "Depende do governo brasileiro, tem que fazer mais auditorias e enviar-nos. Quando vai fazer, e a que ritmo vai fazer, isso depende inteiramente do governo brasileiro." Segundo o embaixador, não há nenhum limite quantitativo em relação à exportação de carne brasileira para a União Européia. "O único limite é que as auditorias sejam feitas e que estejam bem feitas", disse Pacheco. Na segunda-feira o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou acreditar que a UE deve habilitar rapidamente um número maior de propriedades, assim que encerrar as vistorias. [nN25244143] O pequeno número de propriedades liberadas, entretanto, não deve representar um impacto imediato no mercado, disseram autoridades brasileiras e européias. Exportadores brasileiros afirmaram que seriam necessárias ao menos mil propriedades liberadas para exportar para que o serviço normal seja retomado. "106 fazendas não terá um grande impacto sobre as nossas exportações, mas a medida tem significado político", disse Rob Metcalfe, diretor do Serviço de Informação da Carne Brasileira, que representa os interesses da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) na Europa. "A decisão de hoje mostra que os produtores brasileiros conseguem cumprir com os padrões da UE. Acreditamos que muitas outras (propriedades) receberão em breve a liberação". LISTAS Os europeus suspenderam as importações da carne brasileira no final de janeiro, quando iniciaram controles mais rigorosos sobre a rastreabilidade dos animais e regras gerais mais severas de importação. Os exportadores brasileiros criticaram as restrições da União Européia, afirmando serem injustificadas e protecionistas. O Brasil inicialmente submeteu uma lista com mais de 2.600 propriedades agrícolas, que foi rejeitada pela UE pois o bloco considerava que apenas cerca de 300 fazendas estariam aptas. Posteriormente, uma nova relação, com cerca de 600 fazendas, também não foi aceita pelos europeus, que pediram nova lista e iniciaram uma missão de inspeção ao Brasil para verificar se mais propriedades podem começar a exportar. Para Pacheco, pode ter havido um problema de interpretação do governo brasileiro em relação ao número de fazendas que estariam aptas a exportar. Ele afirmou que a indicação de limitar o comércio a 300 fazendas foi apenas uma recomendação, não uma limitação. "Foi uma recomendação, para que não nos enviassem uma lista muito maior, para que depois fôssemos fazer uma inspeção e as coisas não estivessem bem. Mas não há nenhum limite quantitativo, o único limite são as auditorias estarem feitas, e bem feitas", disse ele. "Primeiro, nos enviaram uma lista com mais de duas mil fazendas sem os relatórios de inspeção. Então, não pudemos aceitar. Depois, nos enviaram uma lista mais reduzida, mas que ainda tinha problemas. E finalmente agora tivemos uma lista sem problemas", completou. Pacheco acredita que o episódio não deve afetar as relações entre o Brasil os países da UE. "Temos uma relação muito mais larga, em termos de parceria estratégica, em termos econômicos e comerciais. É, de longe, muito mais importante do que esses pequenos casos", afirmou Pacheco. O Brasil é o maior exportador do mundo de carne bovina, com vendas estimadas em 4,2 bilhões de dólares em 2007. Procurado pela Reuters, o Ministério da Agricultura no Brasil disse que não comentaria o anúncio nesse momento. (Por Darren Ennis, com reportagem adicional de Camila Moreira em São Paulo)

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