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UE pedirá nova contraproposta para acordo têxtil

Por Agencia Estado
Atualização:

A União Européia iniciou hoje a elaboração de um documento a ser encaminhado ao governo brasileiro propondo novos termos para o acordo dos têxteis e vestuário, cujas negociações chegaram a um impasse depois que os europeus apontaram três problemas na proposta do Brasil. As restrições foram formalizadas ontem, durante a reunião dos representantes técnicos dos 15 países membros da UE. O impasse acontece porque as reivindicações européias esbarram em tarifas cobradas pela Marinha Mercante há mais de 30 anos e em compromissos que o Brasil deveria assumir no âmbito do Mercosul. A UE quer a eliminação do custo adicional de frete de 25% cobrado pela Marinha Mercante sobre todos os produtos importados, com exceção aos produtos provenientes dos países do Mercosul e da ALADI - Associação Latino-Americana de Integração (Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela e México). Os europeus também reivindicam que o governo brasileiro estabeleça um prazo para eliminar a taxa adicional de 1,5% sobre a tarifa ad valorem - uma cobrança feita em acordo com os países do Mercosul. E ainda a Comissão Européia apontou que não está satisfeita com o engajamento brasileiro para avançar na liberalização do setor têxtil no âmbito do Mercosul. "A UE quer um compromisso explícito do Brasil de que o setor de têxteis e vestuário será beneficiado logo na primeira fase de liberalização das tarifas, quando o acordo com o Mercosul entrar em vigor e isso ainda não está claro na proposta", afirma uma fonte comunitária à Agência Estado. O embaixador brasileiro junto às comunidades européias, José Alfredo Graça Lima, estará em Brasília na próxima semana e pretende discutir as soluções para "desatar este nó". Graça Lima acredita em uma solução viável, mas não adiantou as táticas de negociação. Havia uma grande expectativa política de ambos os lados de o Acordo ser anunciado na Comissão Mista Brasil-UE, que acontece na próxima segunda-feira, em Brasília. Mas isto não será possível, nem a curto prazo, de acordo com fontes diplomáticas. A negociação do setor brasileiro de têxtil e vestuário com a UE começou no dia 14 de março, em Bruxelas. A troca de propostas entre os dois lados sofreu alguns atrasos em relação à previsão inicial. Pelo Acordo, a UE suspenderia cotas para dez categorias de produtos e, em troca, o Brasil não aumentaria as tarifas vigentes dos têxteis, que variam entre 4% e 20%, além das duas partes se comprometerem a uma série de medidas de facilitação de negócios (barreiras não-tarifárias). As dez cotas brasileiras abrangem os segmentos de fio de algodão, tecidos cru, algodão tinto, sintético e de fibras sintéticas, t-shirts, calças, roupas de cama e mesa e os felpudos. Caso o Acordo dos têxteis e vestuário sofra um grande atraso nas negociações, o setor de tecidos de algodão tinto terá suas exportações prejudicadas nos próximos meses, porque somente no primeiro trimestre do ano o setor já exportou à UE 73% de sua cota. Dentro da UE, cerca de 30% das indústrias têxteis e de vestuário estão na Itália. Outras 14% estão na Alemanha. Entretanto, Portugal e Grécia são os países que mais dependem do setor, tanto na relação industrial, quanto para as exportações. Atualmente, os setores têxtil e vestuário representam um negócio de US$ 198 milhões para a UE, sendo que as exportações para fora dos 15 países comunitários equivalem a 20% deste valor. O segmento dos produtos de algodão é o forte brasileiro nas exportações para a Europa. Seus concorrentes do mercado internacional para a UE são, por exemplo, a Turquia, China e Marrocos. A troca comercial entre Brasil e UE ficou em torno de US$ 400 milhões no ano passado. A Associação Brasileira de indústria têxtil (Abit) prevê exportações de US$ 1,5 bilhão para este ano, e os países da UE representam 20% deste valor.

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