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UE pressionará emergentes a abrirem mercado de serviço

Os mercados brasileiros e asiáticos fazem parte das prioridades da nova política comercial da Europa, que deverá ser anunciada em outubro

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil e outros países emergentes devem se preparar para um aumento da pressão da União Européia (UE) pela a abertura de suas economias não apenas para bens industriais, mas para investimentos e serviços. Isso porque os mercados brasileiros e asiáticos fazem parte das prioridades da nova política comercial da Europa, que deverá ser anunciada em outubro e que tem como objetivo reformar a estratégia do bloco no cenário internacional. Em um discurso dado em Berlim nesta segunda-feira, o comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson, apresentou parte dessa estratégia e apontou que o bloco dará mais atenção à conquista desses mercados, ainda que tenha admitido que a UE terá de sobreviver com um maior volume de importações. No próximo mês, os europeus farão uma revisão de suas estratégias econômicas para tentar manter o continente competitivo no mercado internacional. Para Mandelson, isso exigirá que o bloco seja "mais ativo" na abertura dos principais mercados emergentes para os produtos europeus. Segundo a UE, a estratégia ainda incluirá ações diplomáticas para garantir que as empresas européias tenham tratamento justo no Brasil e na Ásia. "As empresas européias precisam ter a oportunidade de ganhar acesso aos mercados mundiais e a operarem de forma segura. Essa é nossa agenda", afirmou o britânico. A estratégia teria dois pilares. O primeiro é o compromisso com a Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Mandelson, parte da responsabilidade pela retomada do processo suspenso em julho deve ser dos Estados Unidos, que terão de apresentar novos cortes de seus subsídios. Mas o europeu também aponta que os países emergentes que formam o G-20 também têm suas responsabilidades e que existe uma crescente expectativa em relação ao que essas economias estarão dispostas a conceder. "Precisaremos que os países do G-20 façam ofertas mais ambiciosas de redução de tarifas industriais", disse. De fato, os europeus reconhecem que, se querem uma nova estratégia para ser competitivos, precisam levar em conta um novo cenário internacional com as economias emergentes com uma papel cada vez mais importante. "Na última década, um grupo de países emergentes, principalmente a China e a Índia, mas também o Brasil e outros, deram passos dramáticos", afirmou Mandelson, que defende um fortalecimento da relação da Europa com esse grupo de países, em especial a China que é ao mesmo tempo o maior desafio e a maior oportunidade da globalização para a Europa. Bilaterais O segundo pilar da estratégia que será anunciada pela UE é a conclusão de uma "nova geração de bilaterais em mercados emergentes chave", principalmente com os países asiáticos. Mandelson deu uma pista de como podem ser esses acordos que incluiriam não apenas o comércio de bens, mas serviços, compras governamentais, políticas de concorrência e harmonização de leis. A liberalização, portanto, não seria apenas um corte de tarifas. Para Mandelson, "as barreiras mais sérias estão no interior dos mercados emergentes, como a questão das patentes, mercados fechados para serviços e investimentos, intervenções estatais injustas que distorcem preços e mercados para compras governamentais que ainda estão fechados à concorrência". Para o Brasil, esses temas foram sempre considerados como sensíveis para que fossem negociados em acordos bilaterais com países ricos. Na avaliação do comissário europeu, a política comercial européia está em uma "encruzilhada" e, para enfrentar os novos desafios, precisa de novos instrumentos. Para ele, a solução não é protecionismo. "Não podemos colocar o lençol sobre a cabeça e esperar que a tempestade passe", disse. "Mas a rejeição do protecionismo precisa ser acompanhada por um ativismo em preservar um sistema comercial aberto e justo no mundo", concluiu Mandelson.

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