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UE promete apoio à Grécia, mas não dá detalhes

Por MARCIN GRAJEWSKI E JULIEN TOYER
Atualização:

Os líderes europeus afirmaram nesta quinta-feira que estão prontos para ajudar a Grécia a evitar uma crise na zona do euro, mas desapontaram os mercados ao não divulgar detalhes sobre como será o apoio. O presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, afirmou a jornalistas após encontro entre os líderes do bloco em Bruxelas que a Europa está enviando à Grécia uma "clara mensagem de solidariedade". Mas ele também deixou claro que Atenas não fez um pedido formal de ajuda e que, portanto, o bloco não pode realizar promessas concretas agora, descrevendo o compromisso de suporte como um comunicado político. O euro, que chegou a se valorizar ao longo do dia por esperanças de um plano mais concreto de resgate à Grécia, caía em meio aos comentários. O spread entre o juro pago pelos bônus gregos e os títulos da Alemanha considerados como referência aumentava, refletindo a decepção de investidores com a falta de detalhes. "Os Estados-membros da zona do euro vão tomar ações determinadas e coordenadas se necessário para proteger a estabilidade do bloco como um todo", afirmaram em comunicado os chefes de Estado dos 27 países que integram a UE, após reunirem-se em Bruxelas. Os líderes europeus estão ávidos para evitar que os problemas da Grécia se espalhem por outros países altamente endividados da zona do euro e coloquem a região em uma crise maior que poderia reverberar em todo o mundo. Mas eles também querem manter as pressões para que a Grécia implemente um rígido programa de austeridade voltado a cortar centenas de bilhões de euros em dívidas e um déficit que alcançou no ano passado 12,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) --mais de quatro vezes acima do limite imposto pela UE. "A questão das promessas (à Grécia) não foi levantada porque o governo grego não pediu nenhuma ajuda financeira, o que significa que o governo da Grécia acredita que não precisa desse suporte financeiro", afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Mais cedo, fontes da União Europeia disseram que os detalhes de qualquer ajuda podem ser finalizados até o início da próxima semana, quando os ministros de Finanças do bloco se reunirão. Além de anunciarem a disposição de ajudar a Grécia, os líderes também sinalizaram que vão manter as pressões sobre o governo de Atenas por fortes cortes orçamentários para evitar que a crise fiscal se espalhe por outros Estados altamente endividados, como Portugal e Espanha. "A Grécia faz parte da União Europeia e não será deixada sozinha, mas há regras e essas regras precisam ser respeitadas", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel. O presidente da UE, pediu que o governo grego ponha em prática medidas para consolidar seu Orçamento de maneira "rigorosa e determinada", acrescentando que a Comissão Europeia vai monitorar de perto o progresso junto ao Banco Central Europeu (BCE). Atenas já se comprometeu a reduzir o déficit em quatro pontos percentuais neste ano. Mesmo com a ajuda da UE, o governo grego enfrenta um grande desafio para consolidar seu Orçamento e restaurar a confiança em uma economia cujos desequilíbrios são exacerbados pela crise econômica e financeira e em que agitações sociais continuam uma ameaça. Dados divulgados nesta quinta-feira mostraram que o desemprego na Grécia atingiu o maior nível em quase cinco anos, enquanto os funcionários públicos disseram que vão ampliar a greve para protestar contra medidas rigorosas que incluem congelamento de salários do setor público e revisão no sistema fiscal.

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