PUBLICIDADE

UE quer acordo entre Argentina e FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

Os ministros de Economia e Finanças da União Européia (Ecofin) se comprometeram a colaborar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Banco Mundial (Bird) na elaboração de planos de assistência técnica necessária para facilitar a reestruturação da dívida externa argentina, mas condicionaram a ajuda a um acordo prévio entre a administração Eduardo Duhalde e o organismo multilateral de financiamento. Em documento aprovado na noite de quarta-feira em Bruxelas, que servirá de base para a reunião de cúpula Europa/América Latina da próxima semana em Madri, o Ecofin relaciona uma série de recomendações às autoridades latino-americanas, em especial à Argentina, para restaurar a confiança dos investidores. No documento, os 15 países membros da União Européia esperam que o governo argentino consiga, o quanto antes, "um acordo com o FMI que permita superar a crítica situação que o país enfrenta". As reformas, acrescenta o documento, "devem considerar uma linha econômica válida e transparente, que inclua uma política fiscal sustentável em todos os níveis de governo, além de uma clara estratégia monetária e cambial, medidas que reforçam o sistema bancário e o início do processo de "swap" da dívida externa com ajuda financeira necessária para assegurar a sua sustentabilidade a longo prazo e a restauração da ordem jurídica para melhorar o clima de investimentos e restaurar a confiança". O Ecofin, presidido pelo ministro espanhol de Economia, Rodrigo Rato, reafirma ainda a importância do bom funcionamento do sistema bancário para a saída de crise argentina. "O sistema financeiro não deve suportar o custo do ajuste do programa econômico do governo, que, por sua vez, deve incluir medidas para reforçar e preservar a boa saúde do modelo bancário", diz o documento. Crescimento Os ministros europeus estimam que o crescimento latino-americano não deverá passar de 1% este ano, como consequência da instabilidade argentina, venezuelana e uruguaia. A UE espera, no entanto, que, em 2003, a atividade econômica latino-americana se recupere para atingir um crescimento de pelo menos 3% a 3,5%, puxado pela recuperação econômica européia e norte-americana e pela ausência de contágio da crise argentina. O Ecofin relaciona ainda uma série de medidas para o desenvolvimento sustentável da região. Em primeiro lugar, afirmam os ministros, "é necessário preservar a estabilidade econômica e política que decorre de uma adequada coexistência das políticas fiscais e monetárias e de reformas estruturais que propiciem o crescimento". De acordo com os 15 países, os ingressos tributários nos países latino-americanos dependem de forma excessiva dos preços mundiais de suas principais exportações. Sobre o setor financeiro, a união Européia reconhece os avanços conquistados na década passada, como as privatizações e a abertura externa, mas reclamam da segurança jurídica, afirmando que continua, salvo exceções, muito vulnerável, razão pela qual devem ser realizados esforços para melhorá-la, incorporando novas regras de solvência internacional. Vale lembrar que os bancos instalados na Argentina, em sua maioria em mão de instituições financeiras espanholas e norte-americanas, têm dívidas que passam de US$ 10 bilhões. Os espanhóis, que investiram até agora ? 94,39 bilhões (cerca de US$ 85 bilhões) na América Latina, foram os mais afetados com as turbulências na região. Desse volume, ? 31,79 bilhões (US$ 28,6 bilhões) correspondem somente à Argentina, que está no quarto ano consecutivo de recessão. O temor espanhol é tão grande que, no ano passado, a crise argentina fez despencar 83,4% os investimentos nos países latino-americanos, passando de ? 20,5 bilhões (US$ 18,45 bilhões), em 2000, para apenas ? 3,4 bilhões (US$ 3 bilhões). De acordo com dados da Secretaria de Comércio e Turismo da Espanha, os investimentos de empresas espanholas na Argentina no ano passado despencaram 131%. Isto é, as companhias espanholas não só deixaram de investir na Argentina como desinvestiram ? 923 milhões (US$ 830 milhões) em 2001. Comparado ao que a Espanha investiu até agora no país, no entanto, essa cifra ainda é muito reduzida. Leia o especial

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.