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Últimas jazidas de ferro já estão sendo negociadas

Por Eduardo Kattah CORRESPONDENTE BELO HORIZONTE
Atualização:

BELO HORIZONTEApós serem freadas pela turbulência global, as negociações em torno das últimas jazidas significativas de minério de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero, principalmente na chamada Serra Azul, voltaram à carga. A maior parte dos ativos já passou para as mãos das grandes empresas, restando apenas algumas reservas consideradas relevantes. É o caso da Minerita e da MBL, respectivamente dos irmãos Dílson e Edson Fonseca da Silva, na pequena Itatiaiuçu, região centro-oeste do Estado. Nos últimos anos, na esteira da alta recorde do preço do minério de ferro, grandes grupos mineradores ou siderúrgicos investiram alguns bilhões de dólares na aquisição de mineradoras independentes - caracterizadas pela gestão familiar e de produção limitada, geralmente destinada ao mercado local de ferro gusa. Dílson, de 65 anos - que fundou a Minerita em 1972, após o pai, Clodovil Fonseca da Silveira, adquirir uma pequena jazida, de cinco hectares, no início da dé cada de 60 -, resiste às investidas. Desconfiado, o empresário confirma a negociação com a MMX, mas desconversa quando perguntado sobre propostas de empresas chinesas. "Proposta de compra mesmo, não estamos recebendo não. Também não estamos com ela à venda", argumenta. Apesar da ligação sentimental com a mina, ele reconhece que a conjuntura é bastante favorável para o negócio. Há cerca de dois anos, a gigante BHP Billiton iniciou uma negociação e realizou estudos geológicos que comprovaram que a Minerita - hoje situada em uma área total de mil hectares - possui reservas de até 750 milhões de toneladas. Há três anos a Minerita começou a vender para o mercado externo. O destino: China. Em 2008 e 2009, exportou cerca de 1,2 milhão de toneladas de minério de ferro para o país asiático e a previsão é que este ano o volume chegue a 2 milhões ou 3 milhões de toneladas. Alexandre Couri Sadi, diretor-presidente da Mineração Minas Bahia (Miba) - dona de um projeto de minério de ferro na região norte de Minas -, chegou a negociar com empresas chinesas a venda do ativo, com reserva estimada em pelo menos 1,5 bilhão de toneladas de minério de teor médio (de 37% a 38% de ferro). "Eles são muito desconfiados", diz Sadi. "Conversamos com muitas empresas de lá, mas ninguém retornou para a gente aqui no Brasil porque precisavam da autorização do governo. Os investimentos ocorrem sob uma lógica estatal."O empresário acabou negociando a venda de 100% da Miba e 50% da Peixe Bravo (outro projeto na região) por R$ 250 milhões para a Steel do Brasil Participações". O que os chineses querem no Brasil é garantir minério e não ficar na mão da Vale, da BHP (Billiton)", avalia.

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