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Um ano após Brumadinho, alta cúpula da Vale tenta se defender de acusações

Afastado desde março de 2018, o ex-presidente Fabio Schvartsman contratou sua própria equipe de defesa; expectativa é de que possíveis denúncias criminais sejam apresentadas nos próximos dias

Por Monica Scaramuzzo e Mariana Durão
Atualização:

Foi dentro de um jato particular da Vale, durante a viagem de volta ao Brasil, depois de participar do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que Fabio Schvartsman, então presidente da mineradora, recebeu a notícia do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Um ano após a tragédia de 25 de janeiro, um dos maiores acidentes ambientais do mundo, que deixou 259 pessoas mortas – 11 ainda estão desaparecidas –, o executivo está imerso na preparação de sua defesa.

O voo de Davos tinha São Paulo como destino final. Ele passaria o fim de semana com a família. Ainda no ar, recebeu um telefonema do diretor de sustentabilidade e relações institucionais da Vale, Luiz Eduardo Osório. Na mesma hora, decidiu pousar no Rio. A ligação mudou a rota de sua carreira. 

Fabiio Schvartsman chegou à Vale em maio de 2017 com o mandato para reestruturar a empresa Foto: FABIO MOTTA/ESTAD?O

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Aos 65 anos, o ex-principal executivo da Vale tinha dito que coroaria sua trajetória profissional à frente da mineradora. Agora, tenta se livrar de potenciais processos de negligência que possam recair sobre ele. A expectativa é de que o Ministério Público de Minas Gerais apresente nos próximos dias as denúncias criminais contra a Vale e seus principais gestores.

Considerado um dos maiores executivos do País, após passagens pela empresa de papel Klabin e pelo grupo Ultra, Schvartsman assumiu o comando da Vale em maio de 2017, sob o lema “Mariana nunca mais”. Em função da tragédia de Brumadinho, está afastado do grupo desde março de 2019 a pedido do Ministério Público Federal e de Minas Gerais.

O executivo não aceitou ser amparado pela área jurídica da mineradora. Contratou uma equipe estrelada de advogados criminalistas, entre eles a banca de Pierpaolo Bottini, que defendeu o empresário Joesley Batista, um dos donos da Friboi.

A defesa de Schvartsman também chamou o escritório Barbosa, Mussnich e Aragão (BMA) para fazer uma investigação interna a pedido do próprio executivo para vasculhar milhares de e-mails, trocas de mensagens de celular e atas de reunião que o executivo participou para mostrar que ele não teve responsabilidade direta no acidente. 

Com perfil discreto, mas posicionamento firme em grandes negociações, Schvartsman está recolhido nos últimos meses, mas não saiu totalmente de cena. Costuma ser visto nos principais restaurantes da região da Faria Lima, principal corredor do mercado financeiro do País. Neste mês, viajou com sua família para os Estados Unidos. 

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Procurados, o executivo e a defesa não quiseram conceder entrevista. A Vale informou que coloca à disposição assessoria jurídica a seus empregados por se tratar de uma investigação sobre fatos ocorridos durante o exercício de suas atividades profissionais.

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