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Um exército de sacoleiras que move R$ 1,2 bilhão

Por Agencia Estado
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Elas vêm de longe. Do interior de São Paulo, de outros Estados e até de outros países. Passam os dias percorrendo as ruas dos bairros do Brás, do Bom Retiro e da região da Rua 25 de Março. Voltam para suas cidades cheias de sacolas - e com perspectivas de bons lucros para seus negócios. São as sacoleiras, profissionais que vivem de comprar produtos para revender - e movimentam, anualmente, cerca de R$ 1,2 bilhão só no Estado de São Paulo. Estima-se que cerca de 35 mil pessoas trabalhem como sacoleiras no Estado de São Paulo. Pesquisa feita no ano passado pela Universidade Santo Amaro (Unisa) mostrou que esses profissionais são, em sua maioria, mulheres (79%). A maior parte vem do interior de São Paulo (52,6%), mas há sacoleiras provenientes de outros Estados (19,1%) e até de outros países (2,6%). O rendimento desse tipo de trabalho não deixa a desejar a nenhum cargo de nível médio do País: elas faturam, em média, R$ 2,8 mil por mês. A região central da cidade é o grande reduto das sacoleiras. Por lá, um público que pode chegar a até 1 milhão de pessoas nas semanas que antecedem o Natal faz a festa dos comerciantes. "Elas são fundamentais no nosso comércio. São as verdadeiras representantes de nossos produtos", diz o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, Shlomo Shoel. Encomendas Pelas ruas do bairro passam, por dia, cerca de 30 mil pessoas, a maioria sacoleiras que revendem seus produtos em lojas ou mesmo em casa, para a família - ou, como lembra Shoel, têm a incumbência de levar as famosas "encomendas" para seus conhecidos. O diretor de marketing da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), Elias Ambar, confirma a impressão de Shoel. Para ele, as sacoleiras têm importância fundamental para o comércio da região. "As sacoleiras visitam os três centros comerciais de São Paulo para fazer economia. Vêm em ônibus fretados, de Estados distantes até. São uma verdadeira confraria", brinca Ambar. No Brás, a situação não é diferente. As confecções vendidas pelas lojas do bairro atraem diariamente milhares de pessoas. Só o Polo Moda, shopping center atacadista da região, recebe de 20 a 40 ônibus de compradores de segunda a quarta-feira, em excursões organizadas por agências especializadas no chamado "turismo de compras". Nesses dias, cerca de 4 mil sacoleiras circulam pelos corredores do lugar com carrinhos lotados de pacotes. Mas, apesar de agora poder contar com uma infra-estrutura que inclui inúmeros shopping centers, hotéis e restaurantes, a maioria das sacoleiras ainda viaja para São Paulo apertada em ônibus simples, que formam enormes filas pelas ruas do Brás. Toda semana, Marlene Vieira organiza excursões de Conselheiro Lafaiete (MG) para o Brás em um desses ônibus, um negócio em que ela começou a investir há dois anos. O movimento na região é tanto que ela diz que não há mais segurança. "Preciso ficar o dia inteiro no ônibus tomando conta da mercadoria", conta. "Mas adoro trazer as pessoas para cá." Mulheres: o prazer de ´bater pernas´ e comprar Chuveiro, sala vip e van para os clientes

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