29 de agosto de 2015 | 02h02
Ao se comparar a década de 80 com o período Dilma, o crescimento médio anual do PIB per capita agora deverá ser menor que o daquele período (0,1% contra 0,4%). Ou seja, o sentido de década perdida está mais do que consolidado e traz muitos desafios para o pós-Dilma, seja com impeachment ou em 2019.
Na década de 80 e no governo Collor o grande desafio era a inflação, para a qual não havia diagnóstico correto a ser usado. O que se poderia chamar de erros de política econômica no combate à hiperinflação deveria ser mais bem entendido como a falta de esforço coordenado para criar uma solução adequada para nossa situação, que acabou vindo com o Real. Agora, a escolha foi por opções erradas de política econômica, uso de instrumentos reconhecidamente falhos e estatismo que não cabia num país que precisa urgentemente de mais dinamismo privado.
Há a urgente necessidade de uma ampla revisão dos caminhos a serem tomados. Não parece haver real esforço, comprometimento e capacidade política do governo para chegar ao menos nesse início de discussão. A tal Agenda Brasil apenas comprovou como o governo está perdido. Por isso, o inverno do PIB pelo qual passamos é mais profundo do que se vê nos números e demandará muito mais ousadia para ser corrigido.
*Sérgio Vale é economista-chefe da MB Associados
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