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Um mês depois, a espera ansiosa pela Previdência

Mercado segue otimista com a possibilidade de a reforma ser aprovada rapidamente, mas problemas na economia não se resumem a isso

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Por Alexandre Calais
Atualização:

Caro leitor,

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O governo fechou o seu primeiro mês. Período curto, mas intenso. Não faltaram polêmicas. O presidente Jair Bolsonaro esteve na berlinda e sob pressão durante boa parte de janeiro por causa das denúncias envolvendo seu filho, Flávio Bolsonaro, que vão de movimentação não explicada de recursos a envolvimento com milícias. Fato que acabou saindo um pouco do foco depois da tragédia assombrosa do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.

Na Economia, há uma espera ansiosa pelo projeto de reforma da Previdência. Apesar de as linhas básicas da proposta serem conhecidas – será muito frustrante se não trouxer uma idade mínima para aposentadoria acima de 60 anos e não endurecer as regras para os servidores públicos -, pouco se ficou sabendo dos detalhes. 

Mérito da equipe econômica, que conseguiu se blindar? Ou será que, após o período de campanha, os meses de transição e o janeiro inteiro de governo efetivo ainda não se conseguiu desenhar uma proposta? No fórum de Davos, realizado na semana passada, o presidente Bolsonaro falou em entregar a proposta logo após a posse do novo Congresso, que será nesta sexta-feira (dia 1º). Mas o secretário especial de Trabalho e Previdência, Rogério Marinho, o negociador da proposta, já deu um prazo mais largo, até a terceira semana de fevereiro. O certo é que não se pode esperar muito. E, como apontou o editorial de hoje do Estado, a reforma tem de ser para todos. 

Rogério Marinho, secretário especial de Trabalho e Previdência Foto: Andre Dusek/Estadão

O mercado financeiro, os investidores, de qualquer forma, ainda demonstram muita confiança na capacidade do governo de aprovar as reformas mais importantes, especialmente a da Previdência, como mostrou nosso colunista Fábio Alves. Principalmente se, como se espera, Rodrigo Maia for  realmente reconduzido ao cargo de presidente da Câmara.

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Mas nem só de Previdência, claro, vive a economia. Na vida real, há problemas de todos os lados. E um que merece especial atenção é a questão das finanças estaduais. Uma bomba que vem explodindo aos poucos. Já são sete Estados que decretaram calamidade financeira – ou seja, estão deixando claro que precisam de ajuda para lidar com um quadro de endividamento que, definitivamente, saiu do controle. Isso, sob a chancela dos Tribunais de Contas Estaduais, como mostramos aqui.

Nossa colunista Ana Carla Abrão, ex-secretária de Fazenda de Goiás, apontou, num ótimo artigo, os caminhos que levaram a essa situação de descalabro. Que, em algum momento, vai acabar estourando, de novo, no colo do governo federal.

No fim das contas, a equipe econômica continua dando indicações de que a cartilha liberal será mesmo implementada. Esta semana, o secretário de Desestatização, Salim Mattar, afirmou que, ao final do governo, só Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa permanecerão estatais – mesmo assim, bem mais magrinhas. Em entrevista ao Estado, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, disse que a ideia é reduzir os subsídios dos financiamentos aos agricultores. O presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, afirmou que a ideia é vender tudo o que não for realmente necessário para a operação da empresa. E o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que vai vender quatro subsidiárias até o ano que vem. Para o mercado, bons sinais. Mas ainda estamos só começando o segundo mês de governo.

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