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Uma expansão bem mais modesta em 2011

Por Bráulio Borges
Atualização:

Na edição da sondagem conjuntural da indústria de transformação de dezembro, da FGV, houve melhora significativa de quase todos os indicadores comparativamente a novembro. Dentre outras coisas, a confiança da indústria avançou 1,6% no período, depois de recuar 1,1% um mês antes. Ainda assim, o nível de otimismo se situou quase 2% abaixo do pico recente, em março de 2010. O nível de utilização da capacidade instalada, que havia atingido 84,5% em novembro, subiu a 84,9% em dezembro (abaixo do pico recente de 85,5% em junho e significativamente inferior ao pico histórico, de 86,7% em junho de 2008). A abertura do índice de confiança mostra que boa parte da alta de dezembro se explica por uma melhora da situação atual percebida pelos empresários industriais, já que o índice de expectativas, embora tenha subido em dezembro, está praticamente andando de lado desde abril deste ano. Essa alta do índice de situação atual pode estar atrelada, por sua vez, à evolução da atividade em dezembro. O indicador de atividade econômica da LCA (IAE-LCA), que estima em tempo real o IBC-Br (o PIB mensal do Banco Central), sinaliza a maior expansão mensal desde março, num ritmo substancialmente superior à média observada de abril a novembro. Aparentemente, tem ocorrido uma corrida às compras de automóveis de modo a aproveitar as condições menos restritivas antes da implementação das medidas macroprudenciais anunciadas pelo BC em dezembro. Cabe questionar, no entanto, se esse desempenho tende a se sustentar nos meses seguintes. Nossa avaliação é de que isso não deverá ocorrer, já que: 1) as medidas macroprudenciais deverão ter impacto bastante restritivo sobre as condições de crédito de janeiro em diante; 2) o reajuste real do salário-mínimo (quer fique em R$ 540 ou R$ 560) deverá corresponder, na melhor das hipóteses, à metade do ganho real obtido na média 2004-2010; e 3) o BC deverá voltar a subir a taxa básica de juros já em janeiro. Além disso, o governo sinaliza a intenção (ainda sem respaldo do ponto de vista prático) de reduzir o ritmo de alta do gasto público em 2011 e não se pode descartar a possibilidade de que o BC introduza novas medidas macroprudenciais (antecipando a adoção do chamado "Basileia 3"). Somadas todas essas influências restritivas sobre a atividade, nossa expectativa é de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) saia de 7,6% em 2010 para 4,3% em 2011. A produção industrial deverá passar de uma alta de 10,8% para 3,5% em 2011. ECONOMISTA-CHEFE DA LCA CONSULTORES

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