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O Futuro dos Negócios

Opinião|Uma Internet Verde

Em meio a uma crise climática sem precedentes, muito pode ser feito para mudar a tendência de aquecimento global

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Atualização:

Quais os setores responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano e o óxido nitroso? Globalmente, a indústria de energia responde, sozinha, por mais da metade das emissões de dióxido de carbono e cerca de um terço do metano; já o setor agrícola emite quase 50% do metano e 70% do óxido nitroso. Nos Estados Unidos, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA - Environmental Protection Agency), em 2017 os responsáveis pela emissão de gases efeito estufa foram o setor de Transportes (29%, especialmente em função dos combustíveis baseados em petróleo), Eletricidade (28%, com quase dois terços da geração oriunda de combustíveis fósseis), Indústria (22%), Comercial e Residencial (12%, especialmente devido aos combustíveis fósseis queimados para aquecimento), Agricultura (9%, largamente em função da criação de gado). Florestas geraram uma “compensação” de 11%, mais absorvendo que produzindo dióxido de carbono.

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Em 2014, das 36 bilhões de toneladas de CO2 emitidas – contra apenas 2 bilhões emitidos em 1900 – a China foi responsável por mais de 10 bilhões e os Estados Unidos por 5 bilhões. Qualquer dúvida em relação ao efeito da industrialização na qualidade da atmosfera pode ser rapidamente esclarecida quando observa-se a concentração de longo prazo do dióxido de carbono, em partes por milhão: até o início da Primeira Revolução Industrial, esse número estava em cerca de 270 ppm (partes por milhão); em 2018 já havíamos superado 400 ppm.

Publicado anualmente pela Germanwatch, NewClimate Institute e pela Climate Action Network, o CCPI (Climate Change Performance Index, ou Índice de Desempenho de Mudança Climática) procura medir como os países responsáveis por mais de 90% das emissões globais de gases de efeito estufa estão atuando. São levados em consideração quatro quesitos: o volume das emissões, energia renovável, uso da energia e políticas climáticas. No índice de 2019, de um grupo de 56 países mais a União Europeia, o país com a melhor colocação foi a Suécia, seguida do Marrocos e da Lituânia. Os três últimos colocados foram Irã, Estados Unidos e Arábia Saudita. O Brasil ficou em 19° lugar.

Vimos aqui que a busca por maior eficiência energética e por fontes renováveis tornou-se crítica, tanto por razões econômicas e, agora, por razões de sobrevivência. Empresas de tecnologia, que consomem vastas quantidades de energia elétrica (como já discutimos) estão procurando converter sua matriz energética para utilizar 100% de energia renovável, e seus esforços são monitorados de perto pelo relatório “Clicking Clean” da organização de defesa do meio ambiente Greenpeace.

Na edição de 2017, com o subtítulo “Quem está vencendo a corrida para construir uma Internet Verde?” (no original, “Who is winning the race to build a green internet?”), as empresas de tecnologia recebem notas de acordo com diversos aspectos, como fontes de energia utilizadas, transparência das informações, compromisso para o uso de energia limpa, eficiência e mitigação dos efeitos negativos do uso de energia “suja” e defesa junto aos diversos escalões do governo de temas ligados ao uso de fontes energéticas sustentáveis. 

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Uma das conclusões do relatório é positiva: “Felizmente, estamos vendo um aumento significativo na priorização de energias renováveis entre algumas das maiores empresas de internet. A corrida para construir uma Internet alimentada por energia renovável começou com líderes como Facebook, Apple e Google, que estabeleceram compromissos de uso de 100% de energia renováveis há quatro anos e agora são acompanhadas por quase 20 empresas de internet [...].”. Apple, Facebook e Google receberam nota máxima em praticamente todos os quesitos avaliados. Seu uso de energia limpa é, respectivamente, 83%, 67% e 56%.

Mas a Internet como a conhecemos atualmente não tem como desafio apenas suas fontes energéticas: segurança e política fazem parte da agenda da “rede das redes”, e são nosso tema para próxima coluna. Até lá.

*Fundador da GRIDS Capital e autor do livro Futuro Presente - o mundo movido à tecnologia, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Opinião por Guy Perelmuter
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