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Uma retomada robusta, só no 2º semestre de 2017

Discrepância entre expectativa e situação atual das sondagens qualitativas de empresários e consumidores apenas confirmam que condições para uma retomada não estão lançadas

Por Silvia Matos e Julio Mereb
Atualização:

A queda de 0,8% do PIB no terceiro trimestre representou um desfecho ligeiramente melhor do que o antecipado pelos dados de indústria e comércio para o período. Por outro lado, as revisões das séries trimestrais do ano passado e do primeiro semestre deste ano, que tipicamente ocorrem na divulgação do PIB do terceiro trimestre, foram pequenas e traduziram-se em poucas revisões no PIB de 2015, cujo encolhimento se manteve em 3,8%. A expectativa do Monitor do PIB era de que a indústria fosse revisada para baixo enquanto o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo fossem revisados para cima, o que efetivamente ocorreu, embora menos do que o esperado por nós. O setor de serviços, por outro lado, quase não sofreu revisão, mantendo a retração de quase 3% em 2015.

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Mas os resultados qualitativos do PIB dessa divulgação e os sinais da atividade econômica para os próximos trimestres permanecem preocupantes. Com isso, nossa projeção para o último trimestre sofreu ligeira revisão de baixa, de -0,3% para -0,5%, o que levará o PIB de 2016 a fechar o ano com queda de 3,5%. O carrego estatístico para 2017 implícito nesse cenário também é desfavorável, da ordem de -0,8%. Dessa forma, uma retomada mais robusta deverá ocorrer apenas no segundo semestre de 2017.

De fato, até o momento as prévias dos indicadores de comércio e indústria para o próximo trimestre não apontam para um rebote da atividade econômica em outubro e novembro. A persistente discrepância entre os indicadores de expectativas e a situação atual nas sondagens qualitativas de empresários e consumidores, nesse sentido, vem apenas confirmar que as condições para uma retomada robusta e acelerada da atividade econômica no ano que vem podem ainda não estar plenamente colocadas.

*Pesquisadores do Ibre/FGV

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