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Uma viagem à Feira de Las Vegas de 2025

Por Ethevaldo Siqueira
Atualização:

LAS VEGAS - Tudo sem fio, tridimensional, holográfico, com as mais belas imagens e cores. Televisão, internet e computador formam agora um só equipamento, monitores gigantes espalhados por todos os cômodos de nossas casas. À nossa volta, milhões de microprocessadores e de dispositivos de radiofrequência controlam nossa vida, abrem portas, identificam pessoas, autorizam a entrada de cada um, controlam o tráfego nas ruas, acionam milhares de câmeras de vídeo que registram tudo que se passa em torno de nossas casas ou nas ruas. Na casa digital, tudo está automatizado, com internet a 100 megabits por segundo (Mbps), sistemas rotineiros de teletrabalho, telemedicina e tele-educação. No home theater, são rotineiros os shows esportivos em transmissões de TV ao vivo, em três dimensões, pelos quais as pessoas podem assistir não apenas a shows de música popular e a concertos das maiores orquestras, como fazer as viagens mais emocionantes nos programas de turismo virtual. Esse cenário nada tem loucura ou ficção, mas é a simples extrapolação tecnológica do estado atual da eletrônica, das telecomunicações e da informática - segundo a visão de seis diferentes especialistas que participaram de uma mesa-redonda realizada aqui em Las Vegas, na semana passada, durante o Consumer Electronics Show 2008, sob o título sugestivo de ''A tecnologia de entretenimento de 2025.'' Os debatedores foram Stephen DiFranco, do Americas Consumer Group, da Lenovo; George Harper, um dos fundadores da Cerberus Corp.; Len J.Lauer, da Qualcomm; Sean Maloney, da Intel; Phil McKinney, da HP; e Kara Swisher, editora executiva da revista All Things D. O debate começou com uma retrospectiva do que era a o mundo e nossa vida há 25 anos, em 1984. Tudo era diferente. Os telefones celulares, ainda raros, mais pareciam tijolões. Apenas algumas pessoas, no governo e nas universidades, sabiam o que era um e-mail. A TV digital de alta definição era apenas um projeto em laboratório. Imaginem se pudéssemos prever tudo que temos hoje. Seríamos considerados malucos, com certeza. O mais interessante nesse debate é seguir a evolução da tecnologia atual em diversos segmentos. Na microeletrônica, o mundo estará esgotando as possibilidades da produção de chips e memórias de silício, ingressando na era dos nanochips e dos biochips. Serão esses componentes eletrônicos que vão possibilitar a incorporação de recursos e funções incríveis nos equipamentos e dispositivos de 2025. Pense, leitor, no que poderão ser os celulares daqui a 15 anos. Com esses superchips, poderemos dispor de celulares centenas de vezes mais complexos e inteligentes do que os atuais, que mais se assemelharão a computadores, com programas e aplicativos muito mais avançados para serviços de informação, comunicações, fotografia avançada a mais de 30 megapixels, orientação por sistemas de GPS, armazenamento de música e vídeo para centenas de horas, sistema de projeção a laser para apresentações de palestras ou simples projeção de filmes em qualquer parede branca ou telas especiais. Com um desses celulares, ninguém se perderá, porque ele emitirá um sinal permanente de localização, para uma base em nossa casa ou empresa. Nenhum outro segmento das comunicações e da eletrônica de entretenimento talvez se desenvolva com maior velocidade maior do que o mundo sem fio ou wireless. O celular de quarta geração (4G) será uma ponte que nos ligará de modo permanente e seguro com a casa, o trabalho, o lazer e o resto do planeta. Com a oferta crescente de banda larga, por volta de 2020, a internet 2.0 poderá tornar-se muito mais popular do que podemos imaginar. E um dos fenômenos mais explosivos naquele ano deverá ser a TV planetária com tecnologia IPTV. Mais do que apertar botões ou usar teclados, falaremos com as máquinas, em especial com o computador. Tudo tende à comunicação intuitiva e humanizada da fala e dos gestos. Na verdade, já vivemos o começo dessa grande revolução em nosso relacionamento com as máquinas e aparelhos eletrônicos é a interface por meio de gestos e sinais. Aquilo que vemos ainda na infância tecnológica das telas de toque (touch screen) dos iPhones e iPods vai desenvolver-se de modo acelerado até 2025. As telas e monitores da maioria dos aparelhos serão cada dia mais fáceis de usar e mais intuitivas. A evolução dos televisores - que a Feira de Las Vegas de 2009 mostrou de forma tão clara e convincente - será contínua até por volta de 2020. Nesta fase inicial de maturação e popularização dos monitores de TV3D e da TV a laser, esses novos televisores terão uso predominante voltado para os jogos e entretenimento. Em 4 ou 5 anos, o mundo disporá de uma quantidade imensa de filmes tridimensionais. Até o imenso acervo de filmes 2D atuais poderá ser refeito ou transcodificado para filmes 3D. A eletrônica estará muito mais presente nos automóveis, nas fábricas, nos bancos, nas escolas e na agricultura. Tudo será mais fácil, mais rápido, mais seguro, mais ecológico e mais produtivo. Mas, será que com tudo seremos mais felizes?

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