Publicidade

Unctad aponta Brasil como 12º país receptor de investimento

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil foi o 12º país que mais atraiu investimentos diretos estrangeiros (IDE) no ano passado, segundo o Relatório do Investimento Mundial, estudo anual produzido pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, sigla em inglês) divulgado hoje. O levantamento afirma também que a queda dos fluxos de IDE para o Brasil, de US$ 22,5 bilhões em 2001 para US$ 16,6 bilhões em 2002, mostra que o país foi o nono mais afetado pelo forte declínio de investimentos diretos que marcou a economia global no ano passado. Segundo a Unctad, a queda de US$ 5,9 bilhões em investimentos diretos se concentrou nos setores de telecomunicações, eletricidade e gás. "As corporações transacionais foram atraídas para esses setores nos anos 90 por causa da desregulamentação, privatização e as perspectivas de um mercado em crescimento, mas a recente recessão econômica e a desvalorização cambial reduziram a lucratividade de suas subsidiárias e suspenderam novos investimentos", disse a Unctad. Luxemburgo foi o país que mais atraiu fluxos de IDE em 2002: US$ 126 bilhões. Em seguida, a China (US$ 53 bilhões), França (US$ 52 bilhões), Alemanha (US$ 38 bilhões), Estados Unidos (US$ 30 bilhões), Holanda (US$ 29 bilhões) e Reino Unido (US$ 25 bilhões). Os oito países mais afetados do que o Brasil pelo desaquecimento nos fluxos de investimentos no ano passado foram os Estados Unidos (menos US$ 113,9 bilhões do que em 2001), Reino Unido (menos US$ 37 bilhões), Holanda (menos US$ 22,1 bilhões), México (menos US$ 11,7 bilhões), Hong Kong (menos US$ 10,1 bilhões), Canadá (menos US$ 8,2 bilhões), Espanha (menos US$ 6,8 bilhões), África do Sul (menos US$ 6 bilhões). Brasil fica em 37º O Brasil ocupa a 37ª posição no Índice de Performance de IDE. No ranking relativo ao período 1998-2000, o país ocupava o 45o lugar e no anterior, referente a 1997-1999, a 54a posição. Esse índice avalia o fluxo de investimentos diretos de cada país, relacionado ao tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB). Os líderes desse ranking são a Bélgica e Luxemburgo, seguidos de Angola, Hong Kong, República da Irlanda e Malta. Na América do Sul, o país melhor posicionado é o Chile, no 19o lugar. Em outro ranking elaborado pela Unctad, o "Índice do Potencial de IDE 1999-2001", o Brasil ocupa a 71a posição. No ranking anterior (1998-2000), o país estava no 70o lugar. Esse levantamento analisa vários fatores, além do tamanho do mercado, que afetam o interesse dos investidores estrangeiros em cada país. Os Estados Unidos continuam liderando esse ranking, seguidos por Cingapura. Ao combinar os índices de "performance" e ?potencial", A Unctad identifica quatro grupos distintos de países. Os que estão na liderança ? com alto potencial de IDE e boa performance na atração de investimentos ? como a China, França, Alemanha e Hungria; aqueles que estão acima do potencial ? baixo potencial de IDE mas forte performance ? como o Brasil, Marrocos, Uganda e Vietnã; países baixo do potencial, como o Japão, Rússia, China e Coréia do Sul; e os países com fraca perfomance ? baixo potencial e desempenho pobre ? como a Etiópia, India e Indonésia. Queda nos fluxos globais de investimentos Os fluxos globais de IDE, que já tinham caído quase 40% em 2001, declinaram outros 21% em 2002, totalizando US$ 651 bilhões, praticamente a metade da soma registrada em 2000. Esses números relativos a 2001 e 2002, segundo a organização, foram "o mais significativo desaquecimento das últimas três décadas". A Unctad afirmou que os fluxos de investimentos diretos estrangeiros para a América Latina declinaram pelo terceiro ano consecutivo em 2002. O total de investimentos foi de US$ 56 bilhões, cerca de 30% a menos que em 2001 e o pior resultado da região desde 1996. Dos 40 países da região, 28 registraram queda de IDE. Os investimentos no México caíram de US$ 25 bilhões em 2001 para US$ 14 bilhões no ano passado. A Argentina recebeu apenas US$ 1 bilhão em investimentos diretos em 2002, soma que representa apenas 10% da média anual de fluxos recebidos pelo país entre 1992 e 2001. O declínio de investimentos na América Latina foi concentrado principalmente no setor de serviços. "Além dos fatores globais, a contração do PIB, crises financeiras, incertezas políticas em várias economias da região e desvalorizações cambiais foram os fatores responsáveis", disse a organização. A Unctad acredita que os fluxos de investimentos diretos para América Latina em 2003 deverão ficar próximos aos níveis do ano passado. "Embora o ambiente econômico e político na região esteja melhorando, a recuperação será lenta", disse. "Os fatores que frearam os investimentos em 2002 persistem neste ano e vão sumir apenas vagarosamente."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.