Publicidade

União Europeia fecha acordo bilionário de recuperação econômica pós-pandemia

Pacto selado no início desta terça-feira, 21, propõe fundo de 750 bilhões de euros para reaquecer economia do bloco

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BRUXELAS - Líderes da União Europeia (UE) chegaram a um acordo nesta terça-feira, 21, para um plano de estímulo massivo de suas economias, enfraquecidas pelo novo coronavírus, pós-pandemia. De acordo com agências internacionais, o pacto ocorreu após o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apresentar compromissos em um fundo de recuperação de 750 bilhões de euros, que seria fundamental para encerrar as dúvidas sobre o futuro do bloco.

Michel propôs, ainda, que, dentro do fundo de recuperação de 750 bilhões de euros, 390 bilhões fossem doações não reembolsáveis, abaixo dos 500 bilhões originalmente propostos e o restante em empréstimos reembolsáveis.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, durante a primeira cúpula presencial da UE. Foto: John Thys/Reuters

PUBLICIDADE

"Foi uma cúpula longa e desafiadora, mas vale a pena negociar o prêmio", disse o primeiro-ministro irlandês Micheal Martin, enquanto a cúpula de Bruxelas se aproximava do recorde estabelecido em uma reunião de 2000 na cidade francesa de Nice, de quase cinco dias completos de debate. De acordo com a agência Reuters, diplomatas teriam dito que os líderes pareciam deixar de lado o rancor que impedia o fechamento do compromisso durante o fim de semana.

"Este é um sinal importante além das fronteiras da Europa de que a União Europeia, mesmo com todas as origens variadas (dos membros da UE), pode agir", disse Merkel a repórteres durante uma entrevista coletiva conjunta com o presidente da França, Emmanuel Macron. "Acredito que podemos nos alegrar legitimamente", disse o chefe de estado francês. 

Enfraquecida pela saída do Reino Unido, a União Europeia demorou a coordenar uma resposta à pandemia do novo coronavírus. Entretanto, o esforço para resgatar a economia do bloco surge como mais uma forma dos países mostrarem que são capazes de enfrentar a crise sanitária de forma unida. 

'Mesquinho e egoísta'

Os nervos ficaram à flor da pele em um jantar neste domingo, quando um grupo de economia fiscal das nações do norte, liderado pela Holanda, manteve sua posição no nível de subsídios gratuitos dentro de um fundo especial de recuperação de 750 bilhões de euros. O presidente francês Emmanuel Macron perdeu a paciência nas primeiras horas da segunda-feira, batendo com o punho na mesa, frustrado com os "bloqueios estéreis" do grupo, disseram dois diplomatas.

Publicidade

O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki também criticou os grupo, marcando-os como “um grupo de estados egoístas e mesquinhos” que analisavam as coisas através do prisma de seus próprios interesses. A Polônia seria a principal beneficiária do pacote de recuperação, recebendo dezenas de bilhões de euros em doações e empréstimos baratos, juntamente com países com dívidas no Mediterrâneo com alta dívida e que sofreram o impacto da pandemia na Europa.

A Holanda pressionou pelo veto à ajuda a países que retrocederam na reforma econômica, mas diplomatas disseram que agora estavam dispostos a apoiar um mecanismo de segurança pelo qual os Estados-Membros poderiam travar os desembolsos por três meses e revisa-los posteriormente.

Os desembolsos também serão vinculados aos governos que observam o estado de direito. A Hungria, apoiada pelo aliado eurocético da Polônia, ameaçou vetar o pacote se os fundos fossem condicionados à manutenção da democracia, mas diplomatas disseram que foi encontrado um caminho a seguir.

A disputa retórica sumiu na segunda-feira, e os líderes chegaram a um acordo sobre o pacote de estímulo, com o orçamento comum da União Europeia para 2021-2027 de cerca de 1,1 trilhão de euros. 

A pandemia do novo coronavírus impôs à Europa a recessão mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial, que reduziu os custos dos empréstimos da Itália ao menor desde o início de março e elevou o euro a uma alta de 19 semanas. / COM REUTERS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.