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Unipar negocia preço com Petrobrás

Negociações para compra de parte da Suzano começam hoje e Unipar avalia que poderá trocar ações sem gastos extras

Por Irany Tereza e Nicola Pamplona
Atualização:

Petrobrás e Unipar têm hoje a primeira reunião após o anúncio da compra da Suzano Petroquímica. No encontro, executivos das empresas iniciarão as negociações sobre o papel da Unipar no novo desenho da petroquímica do Sudeste brasileiro. Hoje, Suzano, Unipar e Petrobrás dividem o controle das centrais petroquímicas da região, mas todos falam em uma reestruturação entre os sócios para fortalecer os grupos e viabilizar projetos de expansão. Segundo observadores próximos das empresas, o modelo de valorização dos ativos das companhias, que vai definir qual será a participação acionária de cada um, é o principal foco de conflito nesse processo. Ontem, as ações da Unipar dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A alta é um reflexo do desejo manifestado pela Petrobrás, no dia anterior, de fundir Suzano e Unipar. Os papéis da Unipar subiram 10,29%, enquanto a Bolsa subiu 1,06%. Em entrevista na segunda-feira, o diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, afirmou que o próximo passo seria negociar a união entre as duas empresas, que seriam responsáveis pelo controle dos principais ativos petroquímicos da região. Segundo informações obtidas pelo Estado, a Unipar deve pressionar a Petrobrás a usar na avaliação de seus ativos os mesmos princípios utilizados para a Suzano. Como as duas empresas têm porte semelhante, a avaliação deixaria a Unipar em vantagem nas contrapartidas que porventura tivessem de ser feitas à Petrobrás. Ou seja, pagaria muito pouco em dinheiro, ou até nada, no encontro dos ativos. A aquisição da Suzano custará à Petrobrás R$ 4,18 bilhões - incluindo a assunção de dívidas -, valor considerado alto por especialistas. A Unipar quer conversar com a Petrobrás para se associar à Suzano, mas faz questão de ser a sócia majoritária. Para isso, estaria disposta a exercer o direito de preferência que tem na compra de participações da Suzano na Rio Polímeros e na central paulista PQU. Segundo o acordo de acionistas da Rio Polímeros, a Unipar tem direito a comprar até 1/3 das ações da Suzano, o que representa 11% do capital da Riopol. Ao anunciar a compra da Suzano, a Petrobrás já contava com a possibilidade e informou que poderá ficar com uma fatia entre 25% e 50% do pólo fluminense. Atualmente, a estatal tem 17% e, caso fique com os 33% da Suzano, vai a 50%. Caso os sócios (Unipar e BNDES) decidam exercer o direito de preferência, a Petrobrás ficaria só com 8% adicionais da Suzano. Segundo fontes, porém, que é na PQU que a Unipar pode fazer mais pressão, uma vez que tem direito de preferência a uma fatia maior das ações da Suzano. As duas empresas são parceiras ainda na Petroflex, que estava à venda até o anúncio da compra da Suzano. A estatal já afirmou que não vai impedir a venda do ativo, mas o processo encontra-se suspenso.

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