O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou nesta sexta-feira, 18, que o governo uruguaio negocia a construção de uma térmica a carvão no Rio Grande do Sul, próxima ao complexo de Candiota. O projeto, com 350 megawatts (MW) de potência, seria destinado quase totalmente para venda de energia ao mercado uruguaio. Segundo o Lobão, o empreendimento ainda está em fase inicial de avaliação, mas já tem o aval do governo brasileiro, em nome da "amizade" brasileira com o Uruguai. O ministro antecipou possíveis críticas quanto aos impactos ambientais de uma usina a carvão dizendo que hoje há tecnologias que reduzem as emissões de poluentes e que o transporte do carvão até o Uruguai poluiria ainda mais. "Ficaria um rastro de poeira no trajeto dos caminhões. O transporte de carvão é muito poluente", afirmou o ministro, em entrevista na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Presente ao encontro, o ministro de energia e Minas do Uruguai, Daniel Martinez, disse que seu país está disposto a gastar 40% a mais em tecnologias modernas e menos poluentes no projeto. O Uruguai importa atualmente 72 megawatts médios do Brasil e planeja a ampliação da capacidade de importação em mais 500 megawatts, com a construção de uma linha de transmissão e uma conversora perto de Candiota. Martínez disse que a linha será construída mesmo sem a térmica. O país enfrenta hoje problemas no suprimento de energia, por conta da baixa vazão da Bacia do Rio Negro, que tem capacidade para gerar 500 MW. Além disso, a maior hidrelétrica do país, Salto Grande, com 1,98 mil MW, não tem reservatório e também está com vazão baixa. Lobão e Martínez assinaram na quinta-feira um convênio alterando os termos da exportação de energia brasileira para o Uruguai. A partir de agora, o país vizinho não mais pagará em dinheiro pela energia, mas se compromete a devolver em eletricidade os volumes importados. O Brasil, por outro lado, deixa de fornecer energia térmica, mais cara, e passa a fornecer energia hidráulica. O modelo é semelhante ao adotado com a Argentina. Na entrevista, Lobão não quis dar detalhes sobre os estudos da comissão criada na quinta para avaliar o pré-sal. "A partir de hoje, não se fala mais no assunto até a conclusão dos trabalhos", afirmou.