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Usiminas planeja retomar venda de ativos

Proposta deve ser levada à reunião do conselho de administração da siderúrgica, no dia 27 de agosto; venda traria alívio ao caixa da empresa

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

Mergulhada em uma crise que vai muito além do cenário adverso no setor industrial, sobretudo no mercado de aço, a siderúrgica Usiminas deverá retomar seu projeto de venda de ativos para enfrentar as dificuldades que virão pela frente. A proposta de venda de negócios considerados não estratégicos deverá ser feita na reunião do conselho de administração da companhia, prevista para 27 de agosto, apurou o ‘Estado’ com uma fonte familiarizada com o assunto.  A estratégia é levantar recursos para a siderúrgica aliviar o caixa da companhia, em um momento em que o setor e a empresa passam por uma situação delicada. Em maio, a companhia anunciou o desligamento de dois altos-fornos, um em Cubatão (SP) e outro em Ipatinga (MG), com a redução da demanda das montadoras. Nesta semana, a Usiminas dá início à redução de jornada dos funcionários da área administrativa, que passam a trabalhar quatro dias por semana. Nesta quarta-feira, a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s rebaixou as notas de crédito da siderúrgica. O rating em escala global foi rebaixado para BB-, de BB; o rating em escala nacional foi rebaixado para brA, de brA+.

A siderúrgica anunciou desligamento de dois altos-fornos – em Ipatinga e Cubatão Foto: Estadão

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Não é a primeira vez que a companhia decide colocar ativos à venda. Em 2012, a empresa anunciou que iria se desfazer das unidades Mecânica (bens de capital) e Automotiva (cabines para caminhão). Em 2013, vendeu sua divisão automotiva por R$ 210 milhões para a empresa Aethra.  Além da divisão de bens de capital, terrenos e a participação da Usiminas na ferrovia MRS são ativos que podem vendidos. “Ainda não está definido o que pode ser vendido, mas está claro que a companhia precisa de um plano de ação, uma vez que o cenário global para os preços da commodity não deve melhorar até o segundo semestre de 2016. Também estudamos trocar executivos da companhia, mas Rômel de Souza continua na presidência ”, disse um membro do conselho de administração.  Em meio a esse cenário macroeconômico turbulento, os dois principais sócios da siderúrgica - a japonesa Nippon Steel e o grupo ítalo-argentino Ternium, do grupo Techint, que fazem parte do bloco de controle da Usiminas, ainda travam uma briga na Justiça, que está longe de um desfecho.  A decisão de venda de ativos na companhia não é unânime. Outra fonte consultada pelo Estado disse que está difícil atrair um comprador na área de bens de capital. Para outros negócios, essa mesma fonte também considera que a companhia não conseguiria preços atraentes. Procurada, a Usiminas disse que a informação sobre venda de ativos “não procede”. Nippon e Ternium não comentam o assunto.  A Nippon e a Ternium brigam desde setembro, quando três executivos, entre eles o presidente Julián Eguren, e os diretores Paolo Bassetti e Marcelo Chara, nomes de confiança da Ternium, foram destituídos. A Nippon alegou que eles estavam recebendo benefícios irregulares. A Ternium discorda e tentou reverter a destituição na Justiça, sem sucesso. Os três voltaram para a Ternium. 

Para lembrar. A falta de consenso entre os principais acionistas levou a Usiminas a eleger, pela primeira vez, em abril, um presidente do conselho não indicado pelo bloco de controle. CSN e BTG também são acionistas, mas fora do bloco de controle. O advogado Marcelo Gasparino, indicado pelo fundo L. Par, do investidor Lirio Parisotto, foi eleito como presidente do conselho do grupo no lugar de Paulo Penido, que está no conselho. Parisotto, que também foi eleito para o conselho, teve sua eleição foi contestada pela Ternium na Justiça, impedindo sua posse. Um desfecho sobre a posse de Parisotto deve sair na próxima semana, dizem fontes. 

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