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Usiminas vai às compras no exterior

Com empresas nos EUA e Europa, siderúrgica quer entrar em nova fase e processar placas de aço em outros países

Por Irany Tereza
Atualização:

O grupo Usiminas/Cosipa, que prevê investir até US$ 9 bilhões em aumento de capacidade no Brasil até 2015, estuda agora a compra de ativos nos Estados Unidos ou União Européia, segundo o presidente do grupo, Rinaldo Campos Soares. ''''Vamos entrar numa segunda onda, de aços leves, que não tenham produto final feito no Brasil. A idéia é exportar placas e agregar valor por meio de alianças no exterior'''', disse Soares, lembrando que a empresa segue, com isso, a tendência siderúrgica mundial de ''''desconstrução''''. Essa nova estratégia consiste em manter próximas ao mercado consumidor unidades de fabricação de produtos acabados, usados pela indústria, e, próximas ao mercado fornecedor de matéria-prima, como o Brasil, plantas de semi-acabados para exportação para suas próprias unidades de beneficiamento no exterior. É o que estão fazendo a alemã ThyssenKrupp, no Rio, e a chinesa Baosteel, com o projeto do Espírito Santo, ambas em parceria com a Vale do Rio Doce. A mineradora - que negocia também a vinda para o Brasil da japonesa JFE e da indiana Tata Steel, com a mesma modelagem - ingressou, em novembro do ano passado, no grupo de controle da Usiminas, depois de três anos de negociações. Para isso, aceitou reduzir sua participação no capital da empresa de 22,9% para 5,9%. Hoje, divide o bloco de controle com o grupo japonês Nippon Steel (24,7%), a Caixa dos Empregados (10,1%) e duas outras empresas que adotaram perfil igualmente agressivo na siderurgia: Camargo Corrêa e Votorantim, que têm, juntas, 23,1% das ações. Apesar do crescimento do mercado asiático, não estão sendo avaliados investimentos naquela região, segundo Soares. ''''O que estamos analisando é a construção de laminadores na região do Nafta (Estados Unidos, México e Canadá) e da União Européia'''', disse, frisando que o grupo não pretende perder a liderança na produção de aços planos no Brasil. Hoje, a Usiminas tem o foco de sua produção voltado para o fornecimento doméstico às montadoras e indústria de autopeças, além dos fabricantes de eletrodomésticos. São segmentos com demanda por aço laminado, com maior valor. O aumento de produção desses setores é o responsável pela operação da siderúrgica a plena capacidade. ''''Temos duas aspirações: manter a liderança no mercado de produtos de maior valor agregado e elevar a produção de placas para exportação'''', declarou o executivo. Na estratégia de internacionalização, a Usiminas disputou, assim como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a compra da Sparrows Point, usina integrada sediada em Baltimore, nos Estados Unidos. Quem ganhou a disputa, porém, foi um consórcio formado por Vale do Rio Doce, a distribuidora de aço Esmark e as siderúrgicas Wheeling-Pittsburgh (EUA) e Donbass (Ucrânia). Segundo o superintendente da área de insumos básicos do BNDES, Roberto Zurli, essa nova onda de investimentos vivida pela siderurgia obedece a uma questão logística. ''''O frete marítimo, de US$ 80 a tonelada para transporte de minério de ferro, é muito caro e favorece essa nova onda de empreendimentos siderúrgicos para fabricação de placas perto das fontes de matéria-prima.'''' Ele cita projetos recém-anunciados no Brasil que colocam o País na rota desses investimentos, como a planta da CSN em Itaguaí (RJ), de 3 milhões de toneladas de placas, a usina da Votorantim em Resende (RJ), os investimentos da Usiminas nas usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP), além dos projetos anunciados pela Vale do Rio Doce. Zurli ressalta que o País é um destino natural para a nova fase da siderurgia. ''''O Brasil entra no cenário mundial de produção de placas por ter o minério de melhor qualidade do mundo e contar com sistemas de infra-estrutura que permitem hoje o escoamento da produção'''', diz. PERSPECTIVA O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia, Marco Polo de Mello Lopes, lembra que a perspectiva para o consumo mundial de aço permanece muito positiva, com previsão de crescimento de 7,1% este ano e de 6,9% em 2008. O motor dessa demanda continua sendo a China, com estimativa de consumo de 480 milhões de toneladas este ano, o que representa aumento de 12%, porcentual que deve se repetir em 2008. ''''Se os projetos em estudo se concretizarem, o Brasil passará a ter uma capacidade de produção de 78 milhões de toneladas de aço em 2012. Isso representa investimentos de US$ 56,5 bilhões, um recorde.''''

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