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Usinas antecipam safra de cana para fazer capital de giro

Para especialistas, medida pode trazer problemas com os equipamentos

Por Eduardo Magossi e
Atualização:

O início antecipado da safra de cana-de-açúcar 2009/10 do Centro-Sul não resultará em maior produtividade e nem em melhores resultados financeiros para os produtores, de acordo com fontes do setor sucroalcooleiro da região. A antecipação foi uma alternativa para se fazer capital de giro rápido com a venda de etanol, dizem eles. "Quem iniciou a safra antes não está buscando resultados financeiros, mas busca fazer capital de giro rápido para tocar suas operações", explica Jacyr Costa Filho, diretor-presidente da Açúcar Guarani. No Paraná, tradicionalmente o primeiro Estado a iniciar a safra, 15 usinas já estão processando cana desde o início de março, sendo que duas delas atravessaram a entressafra moendo, sem desligar as caldeiras. "A quantidade de cana em pé e a situação econômica levaram a este cenário", diz José Adriano Silva Dias, superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar). Segundo ele, mais seis usinas devem iniciar suas operações até o final de março. Em Minas Gerais, duas usinas atravessaram a entressafra moendo. O diretor técnico da União da Indústria da cana-de-açúcar (Unica), Antônio Pádua Rodrigues, explica que este início adiantado deve trazer problemas no decorrer da safra. "Muitas usinas não tiveram tempo nem recursos para fazer a manutenção de suas máquinas, o que pode acarretar interrupções, ou até mesmo quebra de equipamento durante a safra." Rodrigues acrescenta que, no interior paulista, que geralmente inicia a safra em meados de abril, seis usinas já estão operando e até o final de março o número vai aumentar para 15. Para Costa, da Açúcar Guarani, o excesso de chuvas na região faz deste momento um período muito ruim para se começar a moer. "A cana está com baixa qualidade e com baixa produtividade. O resultado financeiro será pequeno para quem está moendo agora", acrescenta. Segundo ele, as usinas da Guarani não anteciparão operações. Na safra passada, a empresa moeu 14 milhões de toneladas de cana. O Grupo Unialco, um dos principais grupos sucroalcooleiros do Oeste de São Paulo, antecipou a safra das suas três unidades. O diretor-presidente do grupo, Luiz Guilherme Zancaner, afirma que o excesso de cana-de-açúcar nas usinas obrigou a companhia a antecipar a safra para tentar moer o máximo de matéria-prima possível. O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás, André Rocha, diz que por questões climáticas a safra do Estado começa a partir de maio com maior força, mas que já existe uma unidade moendo este mês. Para ele, a atual safra apresenta várias incertezas em função da crise econômica e também da falta de manutenção das usinas, o que pode acarretar vários problemas.

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