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Uso de informações de redes sociais para investir em ações esconde perigos

Usuários compartilham informações de veracidade duvidosa para tentar mexer com o valor dos papéis; CVM começa a fiscalizar perfis

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães , Malena Oliveira e Lígia Morais
Atualização:

SÃO PAULO - As redes sociais impulsionaram a propagação de informações sobre o mercado financeiro e muitos investidores, em especial pessoas físicas, utilizam esse suporte para tentar potencializar ganhos. Ao mesmo tempo, contudo, há operadores utilizando a rede de forma duvidosa, compartilhando notícias sem procedência para influenciar o desempenho de ações na Bolsa.

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A troca de informações nessas plataformas já chamou a atenção do regulador do mercado de capitais. O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, afirma que as mídias sociais vêm sendo fiscalizadas, mas admite que o desafio é grande dada a amplitude da rede. O executivo explica que o regulador precisa avaliar qual o tipo de interação de determinado perfil, uma vez que o compartilhamento de notícias já públicas ou a simples troca de ideias não chegam a ser prejudiciais.

É preciso vasculhar a credibilidade do perfil em rede social antes de seguir os conselhos. Uma das formas é exatamente verificar na CVM se existe qualquer processo em aberto contra o dono de determinado perfil. Outra dica é passar um pente-fino no histórico de publicações do perfil em questão. Para confiar plenamente, só as páginas oficiais das empresas, destaca o coordenador do Mestrado em Administração da FGV, Marcelo Coutinho.

  Foto: SERGIO CASTRO | ESTADÃO CONTEÚDO

Ceticismo. O publicitário Alexandre Peregrino, que investe em ações desde 2001, usa o ceticismo como arma. “Se alguém conseguisse prever os preços das ações, usaria a informação a seu favor e não divulgaria na internet”, diz. Ele não acredita ser possível influenciar cotações por meio das redes sociais e argumenta que quem faz uma postagem não tem a garantia de que ela terá o efeito desejado.

Há menos tempo em contato com o mercado de ações, o advogado André Soutelino buscou, no início do ano, respaldo em cursos específicos para aprender a operar.

Já o estudante Wellington Nakayama investe em ações há sete anos e checa as informações que recebe nesses grupos. “Algumas pessoas têm conhecimento, mas muita coisa é ‘achismo’”, alerta.

Há situações em que perfis dizem apostar na alta de alguma ação e afirmam que “uma notícia bombástica sairá dentro dos próximos dias”. O efeito é simples: a pessoa propaga a informação para que o papel valorize e, em seguida, vende seu lote de ações a um preço maior do que comprou.

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Coutinho, da FGV, explica que as redes sociais digitalizaram os boatos e aumentaram a velocidade de troca de informações, que sempre existiram no mercado acionário.

  Foto: ALEX SILVA | ESTADAO CONTEUDO