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Vaca louca: fiscais acusam interferência em anúncio

Por Venilson Ferreira
Atualização:

O presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Agropecuários (ANFFA Sindical), Wilson Roberto Sá, acusou nesta quarta-feira interferência nos procedimentos do serviço brasileiro de defesa agropecuária para retardar o anúncio da confirmação da presença do agente patogênico da "doença da vaca louca" na fêmea bovina que morreu em dezembro de 2010 no Paraná. Wilson Sá defendeu a categoria que representa, dizendo que o serviço de defesa, ao detectar a presença da proteína responsável pela doença, "cumpriu seu papel de guardião da saúde". Mas enfatizou que é preciso apurar a responsabilidade pela demora de 14 meses na divulgação dos resultados.O dirigente explicou que, pelos protolocos da defesa agropecuária, os resultados deveriam ter sido divulgados rapidamente, pois na sequência do exame obrigatório sobre raiva bovina são realizados outros para detectar enfermidades como a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), nome científico da "vaca louca". "Para isso dispomos de uma rede de laboratórios", diz ele.Ao ser questionado sobre quem seria o responsável pela demora na divulgação dos resultados, Wilson Sá disse que, "com certeza, não foram os técnicos", sem responder se houve interesses econômicos ou políticos. Ele lembra que o problema surgiu numa época conturbada no Ministério da Agricultura, durante a gestão do ex-ministro Wagner Rossi, que deixou o cargo em meio a denúncias de irregularidades na pasta. Wilson Sá diz que para o sistema de defesa sanitária brasileiro se tornar ainda mais eficiente é necessário aumentar o quadro de funcionários, a fim de manter "o Brasil seguro diante das ameaças". Ele também defende a melhoria das estruturas nas unidades da federação, liberação de recursos e condições favoráveis e dignas de trabalho para os fiscais agropecuários federais.Outro ladoNas justificativas para a demora na divulgação dos resultados as autoridades sanitárias têm explicado que existem diversos fatores que explicam por que o caso não foi tratado como emergência, entre eles a idade do animal, que tinha 13 anos e que teve morte súbita, sem apresentar sintomas degenerativos da EEB. O primeiro exame deu negativo para a raiva e os dois seguintes deram resultado contraditório para EEB. A demora seria explicada pelo fato de os laboratórios terem realizado outros testes. A confirmação da EEB só ocorreu na semana passada, após os técnicos terem recebido o resultado dos testes feitos por um laboratório de referência da enfermidade localizado em Weybgidge, na Inglaterra.

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