PUBLICIDADE

Publicidade

Vale desiste de oferta pela americana Mosaic

Segundo fonte, compra estimada em US$ 25 bi poderia gerar desgaste com o governo

Por Monica Ciarelli (Broadcast) e RIO
Atualização:

Em meio a críticas do governo por ter reduzido investimentos neste ano e demitido quase 2 mil funcionários, a Vale desistiu de entrar na briga pela gigante americana de fertilizantes Mosaic, de acordo com uma fonte do setor. A fonte revela que a aquisição de uma empresa estrangeira neste momento - numa operação estimada pelo mercado em US$ 25 bilhões - poderia gerar novas reclamações, exatamente o que a direção da Vale não quer agora. "Isso só ia trazer problemas", disse a fonte. Procurada pela Agência Estado, a Vale informou que não iria se pronunciar sobre a negociação. Outra fonte da área lembrou que a Vale não chegou a fazer uma oferta pela Mosaic e que apenas vinha estudando entrar na disputa pela empresa, que também estaria na alça de mira de uma concorrente, a mineradora anglo-australiana BHP Billiton. O interesse da companhia brasileira pela Mosaic foi noticiado pelo Estado em meados de julho. Desde o ano passado, a Vale vem sinalizando o interesse em entrar com mais força no segmento de fertilizantes, e chegou até a analisar a compra da Cibrafértil, uma das quatro divisões do grupo Paranapanema. Apenas neste ano, a companhia gastou US$ 850 milhões para comprar ativos de potássio - matéria-prima para a fabricação de fertilizantes - na Argentina e Canadá. O foco no setor tem como pano de fundo o crescimento da demanda mundial por alimentos, que vai exigir uma produção maior de minerais usados na indústria de fertilizantes, como o potássio e o fosfato. Com sede em Minnesota, nos Estados Unidos, a Mosaic - empresa controlada pela Cargill e pela IMC Global - é a maior produtora de fosfato e uma das maiores produtoras mundiais de potássio. Empresa de capital aberto, a Mosaic surgiu de uma união entre a Cargill Fertilizantes e a IMC Global. A empresa tem unidades de produção nos Estados americanos da Flórida, Louisiana, Michigan e Novo México, além de quatro minas de potássio no Canadá. Em 2008, a produtora de fertilizantes - que atua em mais de 40 países - contabilizou uma receita líquida superior a US$ 9,8 bilhões, com US$ 11,8 bilhões em ativos investidos. Em sua página na internet, a companhia informa que detém ainda importantes participações acionárias em fabricantes de fosfato no Brasil e na China. A Mosaic possui 62% do controle no Brasil da Fospar, empresa produtora de fertilizantes e que possui também operações portuárias, com terminal em Paranaguá, no Paraná; 45% da Indústria de Fertilizantes de Cubatão (IFC), que opera serviços de mistura e distribuição de fertilizantes; e 19,92% de participação direta e indireta na Fosfertil, maior produtora nacional de matérias-primas fosfatadas e nitrogenadas. No Brasil, a Vale já explora potássio na mina de Taquari-Vasssouras, em Sergipe. No exterior, a companhia desenvolve um projeto de produção de fosfato em Bayóvar, no norte do Peru. A mina peruana, cuja concessão foi adquirida pela mineradora brasileira em leilão em 2005, vai produzir 3,9 milhões de toneladas anuais de fosfato, com previsão de entrar em operação no primeiro semestre de 2010. Os investimentos são estimados em US$ 479 milhões.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.