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Vale faz nova oferta pela Xstrata

Informações são de que a proposta agora chega a US$ 89 bi, US$ 13,3 bi a mais que a oferta inicial

Por Irany Tereza , Monica Ciarelli (Broadcast) e Natalia Gomez
Atualização:

A Vale apresentou uma nova oferta pela mineradora anglo-suíça Xstrata, acrescentando US$ 13,3 bilhões à sua proposta inicial de compra. O valor da oferta teria passado agora para US$ 89,3 bilhões, com parte do pagamento em ações preferenciais da mineradora brasileira, segundo especulações de mercado. Até agora, as negociações correm em caráter informal, mas as apostas de analistas indicam uma formalização da proposta ainda esta semana. Ontem, havia rumores também de que a Anglo American faria uma oferta pela Xstrata. A expectativa é de que o negócio seja fechado. De qualquer forma, a Vale já tem pronto um "plano B", desviando seu foco para outra empresa, caso a Glencore, maior acionista da Xstrata, recuse a proposta - a Vale tem um mapeamento completo das dez maiores mineradoras do mundo. A primeira proposta informal da Vale à Xstrata equivalia ao montante de US$ 76 bilhões, ou £ 40 por ação. Os controladores da empresa pediam £ 50 por ação. A oferta atual corresponde a £ 47 por papel. A nova ofensiva sobre a Xstrata ocorre apenas dois dias depois do fechamento dos primeiros acordos da Vale com siderúrgicas asiáticas e européias elevando o preço de seu minério em 66,5%, em média (71% para o produzido em Carajás, no Pará, e 65% para o minério extraído das minas do complexo Sul-Sudeste). Os acordos para o reajuste de preços foram acelerados principalmente por causa do interesse da Vale pela anglo-suíça. Com o aumento, a mineradora brasileira acrescenta US$ 10 bilhões à sua geração de caixa, o que equivale quase ao valor adicionado à proposta inicial pela Xstrata. Um analista de instituição financeira, que preferiu não se identificar, explicou que o incremento na receita torna muito difícil um eventual rebaixamento da Vale por agências de classificação de risco após a compra. A manutenção do grau de investimento (investment grade), obtido pela mineradora há quase três anos, é o pré-requisito imposto pela direção da Vale para o fechamento do negócio. Com essa classificação, a empresa integra o grupo de companhias consideradas de risco próximo a zero no mercado internacional, o que facilita captações financeiras e negociações para prolongamento de dívida. Desde que anunciou o interesse pela Xstrata, em 21 de janeiro, a Vale tem um prazo de dois meses para formalizar a proposta - ou seja, até 21 de março. Como já recebeu sinal verde dos seus acionistas para negociar, a direção da mineradora não precisa de um novo referendo do conselho de administração para voltar à mesa com a Glencore. A compra da Xstrata é vista pela direção da Vale como a melhor opção para se ganhar escala no competitivo e concentrado mercado de mineração. A companhia anglo-suíça é considerada complementar aos negócios da Vale, por ter participação em segmentos não-ferrosos onde a brasileira ainda não detém liderança, como níquel, cobre e zinco. No final de 2006, a Vale comprou, por US$ 18 bilhões, a canadense Inco, a segunda maior produtora de níquel do mundo. BHP A aquisição da Xstrata reduziria significativamente a distância que ainda separa a mineradora brasileira da primeira do ranking mundial do setor, a BHP Billiton, mineradora valorizada pela diversificação de suas atividades. A BHP, porém, pode dar um enorme salto se conseguir comprar a rival Rio Tinto. A BHP fez uma proposta formal de US$ 147 bilhões pela empresa, mas a proposta foi rejeitada pelo conselho de administração. Agora, a BHP tenta convencer os acionistas da Rio Tinto a aceitarem a oferta. Um fundo europeu com participação na Xstrata informou que os acionistas da mineradora anglo-suíça consideram positiva a proposta da Vale de financiar parte da compra por meio de ações preferenciais. Isso daria, segundo informou o fundo, maior liquidez aos acionistas, além de permitir a participação em uma empresa com atuação mais diversificada. Para esse fundo, a principal vantagem da Vale é sua maior exposição no setor de minério de ferro, que está em plena tendência de alta, por causa da demanda aquecida. NÚMERO US$ 89,3 bilhões seria a oferta da Vale pela Xstrata, sendo parte em dinheiro e parte em ações. O valor é US$ 13,3 bilhões superior à oferta inicial feita pela empresa, e que foi recusada pela acionista Glencore

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