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Vale fecha 2008 com lucro recorde de R$ 21,3 bilhões

No último trimestre, ganho da mineradora foi de R$ 10,4 bilhões, um crescimento de 136%

Por Irany Tereza , Nicola Pamplona e Natalia Gomez
Atualização:

Apesar de toda a turbulência vivida no final do ano passado, a Vale fechou 2008 com um lucro líquido recorde de R$ 21,3 bilhões, um crescimento de 6,35% em relação a 2007. Em seu balanço, a empresa ressaltou que esse resultado foi fortemente impactado pela desvalorização cambial em seus investimentos no exterior e pela queda brusca, no ano passado, na avaliação da Inco, ativo adquirido pela companhia no final de 2005. Essas avaliações de ativos fazem parte das novas regras contábeis que passaram a ser exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a Vale, isso representou uma perda contábil de R$ 8,429 bilhões. Ou seja, sem esses ajustes, o lucro teria sido de R$ 29,7 bilhões. A receita bruta da companhia também foi recorde em 2008: chegou a R$ 72,7 bilhões, um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior. No último trimestre, a mineradora registrou um lucro líquido de R$ 10,4 bilhões, o dobro da média das estimativas de analistas de mercado e 136,8% acima do mesmo período em 2007. Esse resultado teve o impacto positivo da variação cambial e de fatores como a redução de custos com a paralisação de unidades menos eficientes, após a brutal queda na demanda por minério e outros metais no final do ano passado. Em relação aos R$ 12,4 bilhões de lucro do terceiro trimestre, porém, a queda foi de 16%. Somados, apenas os lucros do terceiro e do quarto trimestres de 2008 (R$ 22,882 bilhões) já superariam o resultado do ano. A contradição é explicada pelo fato de que o ajuste contábil exigido pelas novas regras somente pode ser aplicado sobre o resultado anual integral, e não nos saldos trimestrais. A avaliação de ativos adquiridos é feita anualmente. Mas, nos anos anteriores, o cálculo foi neutro, já que o ágio pago pela mineradora de níquel Inco se justificava. No ano passado, porém, o preço do níquel sofreu forte queda. Além disso, os efeitos da crise tornaram mais onerosos os investimentos da Vale em dólar no exterior. PERSPECTIVAS No documento de divulgação do balanço, a direção da Vale afirma que, apesar da crise, as perspectivas de longo prazo para o mercado de minérios e metais permanecem promissoras. "Apesar da intensidade da recessão, trata-se de um fenômeno cíclico", diz o texto, que cita alguns sinais de recuperação da demanda, como o pequeno aumento de encomendas industriais nos Estados Unidos, Índia e China e o esgotamento dos estoques chineses de aço. No comunicado, a mineradora reconheceu que a crise financeira global implicou "em uma performance operacional e financeira mais moderada no último trimestre de 2008". E usou essa justificativa para salientar decisões como os cortes de produção. Evitou, porém, mencionar outra medida adotada no período: o corte de 1,3 mil funcionários. Em vez disso, destaca que, no cálculo geral, o saldo de empregos foi positivo em 5.447 funcionários em todo o mundo. "Se considerarmos somente o Brasil, o saldo positivo foi de cerca de 5 mil ", diz a nota. NÚMEROS 6,35% foi quanto cresceu o lucro da Vale em 2008 US$ 29,7 bilhões teria sido o lucro não fossem as perdas contábeis US$ 10,4 bilhões foi o lucro da mineradora no último trimestre, 136% acima do mesmo período do ano anterior

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