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Vale não abre mão do contrato com o grupo

?Há espaço para concorrentes, mas alguns vão comer prato frio?, diz executivo

Por Irany Tereza
Atualização:

A compra da London Mining Brasil pela Arcelor Mittal comprova a força atual dos setores de siderurgia e mineração no mundo, na avaliação do diretor de Ferrosos e Participações em Siderurgia da Vale, José Carlos Martins. "Não é uma bolha, nada passageiro. É uma tendência de longo prazo tanto em termos de aumento de produção de aço como também de aumento na produção mineral. O quadro é muito positivo", disse ele, que fez, no entanto, uma ressalva ao avanço da Arcelor no mercado do minério no Brasil: o contrato de longo prazo firmado pela siderúrgica com a Vale. "É uma escolha estratégica coerente com a linha que a Arcelor vem divulgando há vários anos. Não é nenhum segredo que eles buscam participação maior no setor mineral. O que eu posso dizer é que a Vale assinou com eles um contrato de 50 milhões de toneladas de minério, que vai até 2017, e esperamos que, independente do que eles façam em mineração, a gente cumpra o contrato", alertou o executivo, ao comentar a operação. Lembrando que a Arcelor é o maior produtor mundial de aço, Martins considerou que o fato de a empresa concluir a aquisição "nesses preços" é uma "demonstração inequívoca" da força do mercado. Há algum tempo, as grandes siderúrgicas têm investido nas participações em ativos de mineração para tentar reduzir os custos de produção de aço. Na outra ponta, mineradoras também ingressam no mercado siderúrgico. No caso da Vale, esse planejamento se tornou notório no Brasil, na grande maioria das vezes com participações minoritárias nos empreendimentos. COMPETITIVIDADE Martins acredita que as investidas das siderúrgicas irá continuar, devido à disponibilidade de ativos no País. "O que tem à venda está no mercado, há várias alternativas sendo oferecidas e os principais interessados têm sido as empresas siderúrgicas, dada a questão dos preços que os ativos têm sido vendidos", diz ele. O executivo garante que a entrada de uma mineradora concorrente global no mercado brasileiro, como a sul-africana Anglo American, que acaba de comprar ativos da MMX, de Eike Batista, não assusta a Vale. "Esses projetos foram desenvolvidos mais tarde. O preço do minério está com remuneração boa e isso atrai investimentos", explica Martins, que preferiu não se aprofundar na avaliação da estratégia da Anglo. "A única coisa que posso dizer é a seguinte: quem não tem pressa come frio. Eles estão chegando mais tarde e a situação de competitividade é outra. Por isso, encaramos com muita tranqüilidade (o ingresso no mercado de mineração brasileiro). Hoje não há problemas para vender minério. Quem se estabelecer, conseguir produzir e ter logística, vai vender. O mercado tem condições de absorver toda essa produção adicional. Mas, no dia em que as coisas mudarem, sobrevive quem tem custo mais competitivo", comentou.

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