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Vale prevê demora em acordo sobre preço do minério

Por TAMORA VIDAILLET
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A gigante da mineração mundial Companhia Vale do Rio Doce informou nesta segunda-feira que as negociações globais sobre o preço do minério de ferro vão começar nos próximos dias, mas que um acordo pode demorar. O diretor-executivo de finanças da Vale, Fabio Barbosa, afirmou que é muito cedo para comentar sobre o percentual do ajuste de preços, e que a Vale espera que eles reflitam condições de mercado. "As discussões devem demorar por causa dos parâmetros que serão discutidos de uma maneira diferente", disse Barbosa à Reuters. Analistas de mercado avaliam que por causa da pressão da demanda o minério deverá ter ajuste em torno dos 50 por cento em 2008, depois de ter subido apenas 9,5 por cento em 2007, elevação considerada insuficiente diante da manutenção de uma forte procura, principalmente pela China. A companhia afirmou que mesmo que invista maciçamente no aumento de sua produção não conseguirá atender à demanda explosiva da China por minério de ferro. "Mesmo se nós continuassemos investindo mais e mais nós nunca conseguiríamos acompanhar o crescimento chinês", disse o presidente-executivo da Vale, Roger Agnelli, a jornalistas durante entrevista em Paris. De acordo com estimativas da empresa, a parcela chinesa do consumo mundial de minério de ferro aumentará de 45 por cento, registrado em 2006 para 54 por cento em 2011. O consumo de níquel deve subir de 17,3 por cento para 31 por cento; o de alumínio de 25,5 por cento a 41 por cento; e o de cobre de 21 por cento para 30 por cento, segundo Agnelli. A Vale anunciou que pretende investir mais de 59 bilhões de dólares entre 2008 e 2012 para mais do que dobrar a produção de cobre, expandir a produção de minério de ferro e níquel e desenvolver a fabricação de alumínio. Deste montante, foram reservados 11 bilhões de dólares apenas para o primeiro ano deste período e 2,8 bilhões de dólares --ou 5 por cento-- para investimentos em proteção ambiental. A empresa é a maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo. FUSÃO BHP E RIO TINTO Agnelli afirmou que a fusão entre o grupo de mineração Rio Tinto e a BHP Billiton é justificada e ressaltou que a empresa não planeja investir na Rio Tinto. "Não há intenção da parte da Vale em adquirir capital na Rio Tinto", disse o executivo por meio de um tradutor. A BHP tornou pública, em 8 de novembro, o plano de adquirir a Rio Tinto e formar um mega grupo de mineração com capitalização de mercado de aproximadamente 350 bilhões de dólares, controlando grande parte do minério de ferro, do cobre e do alumínio mundiais. "O acordo entre BHP e Rio Tinto é justificado pela BHP. Você quer expandir suas atividades ... mas a Vale tem uma posição neutra", disse Agnelli. "É o projeto deles, eles prosseguirão da maneira que julgarem conveniente e, é claro, isto deve se aplicar à Rio Tinto. A Rio Tinto deve prosseguir como julgar conveniente", acrescentou. Nesta segunda-feira, a Rio Tinto informou que rejeitou a proposta da BHP e anunciou um plano de investimento de 2,4 bilhões de dólares em novas minas enquanto se defende da oferta de compra de 120 bilhões de dólares da BHP. (Edição em português de Denise Luna)

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