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Vale propõe licença remunerada até maio em MG e MS

Trabalhadores teriam estabilidade assegurada e receberiam 50% do salário base até 31 de maio

Por Beatriz Abreu , Natalia Gomez e da Agência Estado
Atualização:

A Vale apresentou nesta quinta-feira, 22, aos sindicatos de mineração de minério de ferro de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, o que considera uma "proposta inédita" de concessão de licença remunerada aos trabalhadores, sem a suspensão do contrato de trabalho. A empresa garante a manutenção do nível de emprego até o dia 31 de maio para todos os empregados vinculados aos sindicatos que aceitarem a proposta. Veja também: Desemprego, a terceira fase da crise financeira global De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  A ideia é que os sindicatos indiquem que parcela entrará em licença remunerada e quais poderão continuar em atividade, num universo de 19 mil trabalhadores. A garantia de estabilidade estará assegurada nos dois casos, desde que haja adesão à proposta. Durante a licença, os trabalhadores receberão 50% do salário base, garantido o piso de R$ 856,00. Segundo fontes, esse tipo de proposta é inédito no Brasil, embora seja praticado em outros países, "inclusive com o subsídio de governos, que assumem uma parte dos dispêndios do acordo". A empresa, no entanto, pretende assumir integralmente os custos com o objetivo de evitar novas demissões. O presidente da Vale, Roger Agnelli, se reúne hoje às 15 horas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A estratégia da Vale é ganhar tempo para avaliar os desdobramentos da crise financeira, que se intensificaram neste início de ano. A empresa aposta que nesse período de licença dos empregados será possível fazer uma avaliação da produção nas diferentes minas para se adaptar à realidade de mercado, na confiança de recuperação do mercado global de minério de ferro. Ampliação A Vale informou ainda que poderá adotar medidas semelhantes em outras regiões do Brasil. "Poderemos buscar a mesma solução em outras áreas, a depender do comportamento do mercado e da necessidade de cortar produção", disse há pouco, em teleconferência, o diretor global de recursos humanos e desenvolvimento organizacional, Marco Dalpozzo. Questionado sobre quais poderiam ser estas áreas, o executivo afirmou que ainda não existe nenhuma definição neste sentido. Segundo ele, caso a proposta não seja aceita pelo sindicato, o plano da Vale não é fazer demissões em massa. "Não estamos usando esta lógica. Estamos fazendo um esforço para manter o nível de emprego e preservar trabalhadores qualificados, que serão necessários quando a crise passar", afirmou. Dalpozzo destacou que o objetivo da empresa com a medida não é cortar gastos porque ela tem uma situação de caixa privilegiada, após ter captado US$ 12 bilhões no ano passado. O executivo informou que a Vale não procurou nem pretende procurar o governo para pedir nenhum recurso público para colocar este plano em prática. Pontos da proposta: 1 - Licença remunerada com 50% do salário-base, garantido o mínimo de R$ 856,00 (piso salarial previsto no Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2009). 2 - Manutenção integral de todos os benefícios do ACT 2007/2009, tais como assistência médica, previdência complementar, cartão-alimentação no valor de R$ 220,00 mensais, reembolso creche, reembolso escola e material escolar, seguro de vida, entre outros. 3 - Garantia de manutenção do emprego até 31 de maio de 2009 para todos os empregados vinculados aos sindicatos que aceitarem o acordo, incluindo os que entrarem em licença e os que continuarem em atividade. 4 - O empregado será informado com 15 dias de antecedência sobre o início da licença remunerada.Em caso de necessidade operacional, a licença remunerada poderá ser interrompida, sendo comunicado com 15 dias de antecedência.

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