FERNEY-VOLTAIRE (FRANÇA) -
Nas lojas de cidades na França, Alemanha ou Itália que fazem fronteira com a Suíça, a valorização do franco suíço foi comemorada. Isso porque, assim que a moeda passou a ter outro valor, milhares de suíços abandonaram seus comércios locais e passaram a cruzar a fronteira para fazer compras. Em Ferney-Voltaire, que faz fronteira com Genebra, donos de lojas, supermercados, farmácias e postos de gasolina foram obrigados a contratar novos empregados.
"Basta ver o estacionamento do supermercado local", disse Henry Bernet, vereador local. "Estamos na França, mas todos os carros têm placas suíças." A cidade sempre viveu do comércio com Genebra e, de um modo geral, de cada dez francos gastos por um habitante suíço, um é realizado em lojas nas cidades da fronteira. Mas, agora, o que se nota é que as pessoas mudaram seus hábitos e passaram a fazer compras da semana fora de seu país de origem.
Num país onde uma mudança no horário de ônibus chega a gerar debate entre a sociedade, mudar o local onde a população faz compras chega a ser um pequeno terremoto.
Claude Giraud é uma dessas pessoas que, desde que o franco se valorizou, mudou de país onde faz compras. "Ficou tudo muito mais barato na França", afirmou. "Num mês, acho que conseguirei economizar quase 300", disse, mostrando que compra de fraldas a macarrão. "Antes, vínhamos uma vez a cada dois meses. Agora, decidimos que será toda semana."
De sua casa, a distância não é grande - menos de 15 quilômetros. Ela comenta que, aos sábados, a fila de carros suíços tem causado congestionamento.
Na ótica da mesma cidade, o dono da loja, Gabriel Mombelli, também comemora. "Vimos uma explosão do número de clientes e estamos até com problemas para atender a todos dentro do prazo que desejamos." Segundo ele, os óculos custam 40% a menos que em Genebra.
A mesma realidade foi vista do lado da fronteira com a Alemanha. No primeiro fim de semana pós-valorização do franco, a corrida pelos produtos alemães gerou um trânsito de 2 quilômetros em Konstanz, na fronteira entre os dois países.
A "invasão" foi tão grande que os estacionamentos dos supermercados alemães não davam conta dos carros. Centenas deles pararam pela rua e, ao voltar, descobriram que os alemães ganharam também com as multas aplicadas.
O serviço de trem que liga Basileia à Weil am Rhein passou a ficar lotado. Do lado suíço, os caixas automáticos chegaram a ficar sem euros, diante de tantos consumidores que retiraram a moeda para ir às compras.
No auge do inverno e da temporada de esportes de neve, estações suíças passaram a dar descontos de até 30% para aluguel de equipamentos e do passe para o teleférico. Na estação de Verbier, há descontos de 15% sobre o aluguel de chalés aos turistas. Muitos, porém, estão optando por montanhas francesas e italianas, mais baratas.