PUBLICIDADE

Publicidade

Varejo antecipa campanhas de fim de ano

O consumidor em dia com seus débitos ou aquele que está prestes a saldar dívidas pendentes, com o dinheiro que recebeu do FGTS ou com o da antecipação do 13.º salário começa a ser o foco de atenções de redes de varejo e financeiras.

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumidor em dia com seus débitos ou aquele que está prestes a saldar dívidas pendentes, com o dinheiro que recebeu do FGTS ou com o da antecipação do 13.º salário começa a ser, a partir deste mês, o foco de atenções de grandes redes de varejo e financeiras. A estratégia do comércio é antecipar ofertas de crédito e campanhas de fim de ano para fisgar um consumidor com o poder aquisitivo achatado e retraído diante de um cenário econômico instável. "Os lojistas estão adiantando cada vez mais as campanhas de Natal. No ano passado começamos no dia 15 de novembro, mas este ano devemos começar no dia 5", diz o supervisor geral da Lojas Cem, Valdemir Colleoni. A idéia, admite, é aproveitar o dinheiro do FGTS, que está pingando no mercado, os empréstimos antecipados do 13.º oferecidos aos assalariados e os recursos movimentados pelas campanhas eleitorais para atrair o cliente para dentro da loja. "É preciso investir mais no apelo emocional porque as pessoas estão inseguras, com receio de perderem o emprego ou de se endividarem diante de um quadro de incerteza econômica e política", Colleoni. Em setembro, no histórico de movimentação das mesmas lojas, a Cem registrou queda de 8% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Se forem incluídas oito novas unidades, o crescimento em setembro foi de apenas 2%. Termômetro Os últimos levantamentos da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) têm mostrado que o número dos consumidores que estão acertando dívidas não pode ser desprezado. Os registros cancelados, indicador do pagamento de carnês com atraso superior a 30 dias, tiveram em julho um crescimento de 37,9% em relação a idêntico período do ano passado. Em agosto, o índice de cancelamento de dívidas subiu 37,6% na mesma comparação e em setembro 60,1% ante idêntico mês em 2001. "O cancelamento de dívidas está forte e sempre acima de novos registros de inadimplência", diz o economista Emílio Alfieri, da ACSP. A Casas Bahia, por exemplo, enviou 340 mil cartas de cobrança a consumidores endividados e colheu os resultados, em sua rede de 313 lojas. No mês passado, cerca de 35 mil clientes com débito superior a seis meses acertaram seus compromissos. A média de acertos mensais de inadimplentes não chega a 10 mil. "São pessoas prontas para entrar de novo no mercado de consumo", diz o diretor da rede, Michel Klein. Este mês ele decidiu enviar três milhões de cartas para consumidores que liquidaram seus débitos nos últimos seis meses e para aqueles com endividamento baixo. "Queremos que eles quitem pendências e antecipem suas compras de fim de ano", diz Klein. A expectativa da Casas Bahia é faturar no Natal o equivalente ao Natal de 2001. "No cenário atual considero um bom resultado." O resultado do ano deve ficar em torno de R$ 4 bilhões, 10% acima de 2001. Mas o lucro, ressalva, deve ser 20% menor. "O número de ofertas este ano é maior, porque o consumidor está mais arredio." A Lojas Riachuelo, para evitar riscos, pretender antecipar as promoções do início de dezembro para o meio de novembro. "Com mais recursos em circulação adiantar um pouco o Natal é sair na frente da concorrência", diz o diretor da rede, Newton Rocha Oliveira. O banco Panamericano colocou nas ruas sua campanha de antecipação do 13.º no mês passado, para os interessados acertarem dívidas no cartão de crédito e no cheque especial. O empréstimo pessoal está sendo oferecido com carência de 45 dias e com juros de 7% a 10,7% ao mês. No ano passado a campanha de 13.º foi feita no fim de outubro. "Queremos pegar este filão", diz o diretor de Crédito e Risco Adalberto Savioli. "A perspectiva é aumentar de 15% a 20% o volume de empréstimo pessoal."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.