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Varig antecipou R$ 1 mi para seus executivos

Pagamento foi considerado irregular em parecer da consultoria Deloitte e será analisado pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da Justiça do Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Três meses antes de seu leilão judicial, realizado em julho do ano passado, a Varig foi dilapidada em R$ 1,086 milhão para o pagamento irregular de verbas indenizatórias a um grupo de executivos ligados ao alto escalão, antes mesmo de serem demitidos. A investigação veio à tona no início deste ano, por meio de denúncia de funcionários ao Ministério Público do Trabalho, do Rio. Seu desfecho começou a tomar corpo esta semana. A administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, atestou, em parecer enviado à Justiça do Rio na segunda-feira, que o favorecimento é ilícito porque fere a Lei de Recuperação Judicial, recomendando a devolução do dinheiro. Por sua vez, o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela reestruturação judicial da Varig, prefere ouvir o depoimento de 12 executivos para divulgar sua decisão. Eles foram intimados no dia 2 e têm cinco dias para se pronunciarem. Apenas esse seleto grupo recebeu R$ 845 mil de adiantamento de rescisões, conforme auditoria realizada em setembro pela Varig antiga, que permanece em recuperação judicial. Há ainda outras verbas, como 13º salário e um cheque não identificado, que fazem a conta chegar a pouco mais de R$ 1 milhão. Os sindicatos de trabalhadores reclamam que a Varig já contabiliza dívida de R$ 150 milhões em salários não pagos a funcionários dispensados a partir de julho de 2006. "Já tomei a decisão, mas não posso condenar ou absolver, dizer sim ou não, julgar procedente ou improcedente, sem respeitar os princípios processuais", afirmou Ayoub, em entrevista ao Estado. De uma lista de 12 executivos favorecidos, que consta dos autos da recuperação judicial da Varig, apenas foi localizado pelo Estado Luiz Carlos de Souza Monteiro, ex-gerente de finanças da Varig. Ele recebeu R$ 45.454,37 no dia 26 de abril de 2006, mas diz que devolveu o dinheiro. "Teve um PDV (Programa de Demissão Voluntária) na empresa e eu aderi. O presidente (Marcelo Bottini, ex-presidente da Varig) achou que naquele momento algumas pessoas eram imprescindíveis e ofereceu a antecipação de indenizações." Monteiro trabalha na área financeira da Varig antiga. Ele diz que tudo foi feito legalmente, mas que mesmo assim decidiu devolver o dinheiro. "Devolvi porque o rumo da coisa mudou. De imprescindíveis, passamos a ser vistos como ladrões pelos demais funcionários." Segundo ele, Bottini teria dado uma garantia a esse grupo de empregados de que permaneceriam na empresa. Segundo fontes do setor, alguns funcionários que tinham a mesma garantia foram "esquecidos" e iniciaram as denúncias. Ayoub também reiterou uma intimação a Bottini, que autorizou os pagamentos. Atualmente o executivo mora em Miami, onde trabalha para a Aerolíneas Argentinas. "Quem presidia a empresa nessa ocasião era o Marcelo Bottini, mas eu quero deixar uma coisa clara: isso não significa prematuramente condenar atitude de A ou de B. Tem que ponderar e analisar e verificar a conformidade da lei", acrescenta. Bottini foi procurado, mas não retornou as ligações.

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