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Varig recebe nova proposta no valor de US$ 800 milhões

A oferta foi feita pelo Fundo de Investimento Multilong Corporation, que pede o financiamento total ao BNDES

Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, recebeu nesta sexta-feira uma proposta de investimento na Varig de US$ 800 milhões, feita pelo Fundo de Investimento Multilong Corporation. O objetivo do requerente é adquirir a operação inteira da Varig, com rotas nacionais e internacionais. De acordo com a proposta, o fundo, cujo representante se chama Michael Breslow, seria 100% brasileiro. Uma das formas de pagamento seria a emissão de debêntures. Eles também solicitam, na proposta, o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) no valor total da proposta. O banco havia informado anteriormente que só financiaria dois terços do valor total da aquisição da Varig. A assessoria do Tribunal de Justiça informou que uma das possibilidades seria essa proposta fazer uma parceria, ou uma associação, com o plano já apresentado pela Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). O TGV foi o único a formalizar uma proposta no leilão da última quinta-feira, no valor de US$ 449 milhões (R$ 1,010 bilhão), que é quase metade dos US$ 860 milhões avaliados pelos organizadores para a venda da Varig, como preço mínimo para a operação. Na primeira etapa do leilão, quando o valor mínimo deveria ser obedecido, nenhuma proposta foi apresentada. Na segunda etapa, sem preço mínimo, o TGV fez sua proposta. Nada de concreto O promotor de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro Gustavo Lunz disse que "não viu nada de concreto" na proposta. Segundo ele, sobre a proposta do TGV, está sendo aguardada a entrega de relatórios do responsável pela reestruturação da Varig, Marcelo Gomes, sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, e do administrador da companhia, Marcelo Bottini, presidente da companhia. Lunz confirmou que a tendência é de que a decisão da Justiça, sobre validar ou não o leilão da Varig com a proposta da TGV, seja realmente divulgada na segunda-feira. Governo lavou as mãos O governo lavou as mãos com relação à Varig. A avaliação que corria hoje nos bastidores da Esplanada dos Ministérios é que a tendência é a empresa ir à falência, mais cedo ou mais tarde. A única oferta do leilão de hoje, feita pelos trabalhadores da Varig, foi recebida com desconfiança. Todos se perguntavam de onde viriam os US$ 448 milhões oferecidos pelos empregados da aérea. "É importante uma solução que possa manter a Varig voando e prestando serviços, mas precisamos observar o valor da proposta feita e a capacidade que eles (os funcionários) têm de honrar esse compromisso", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Questionado sobre de onde viria o dinheiro oferecido pela TGV, o ministro da Defesa, Waldir Pires, respondeu: "não sei". Quando lhe perguntaram se o dinheiro existia, ele apenas sorriu. Mesmo se a oferta da TGV for aceita e o negócio se concretizar, o futuro da Varig permanece inseguro, pois a empresa necessita urgentemente de capital de giro, avaliam técnicos. Além disso, ela está ameaçada de perder aviões a partir do próximo dia 13, quando acaba o prazo dado pela Justiça de Nova York, no processo movido pela empresa proprietária das aeronaves. Os problemas não acabam aí. A Infraero, estatal federal que opera os aeroportos brasileiros, está pressionando o Ministério Público para que mova processo criminal contra os administradores da Varig por apropriação indébita de R$ 27 milhões em taxas de embarque. A aérea estaria recolhendo a taxa dos passageiros, mas não repassando os valores para a estatal dos aeroportos, como deveria. Esse montante se soma aos R$ 540 milhões devidos pela Varig em taxas à Infraero. "Nós fizemos o possível", decretou Waldir Pires, que hoje ainda se dizia esperançoso quanto ao surgimento de uma solução de última hora. Ele lamentou o fato de as grandes empresas do setor não terem feito ofertas no leilão, apesar dos sinais emitidos nos últimos dias que estariam interessados na Varig. "A vontade da gente era acreditar que essa gente (as empresas) estava dizendo a verdade", comentou. Para o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, é fácil entender por que as grandes aéreas não fizeram ofertas. Elas estariam esperando a Varig quebrar, pois nesse caso as linhas hoje operadas pela empresa serão redistribuídas. "A primeira regra de mercado diz que, se você pode obter algo de graça, não vai pagar por isso", disse. "Se a oferta da TGV não for aceita e o juiz decretar a falência da Varig, tudo vai cair no colo das empresas por um preço infinitamente menor do que o pedido no leilão." Este texto foi atualizado às 15h26.

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